Deputado paraense Celso Sabino anuncia saída do PSDB

Parlamentar eleito com mais de 146 mil votos acumula conflitos com o diretório local e com a Executiva Nacional

Thiago Vilarins
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Após muitas divergências político-partidárias nos últimos anos, o deputado federal Celso Sabino oficializou o pedido de se desfiliar do PSDB. Eleito em 2018, com mais de 146 mil votos, o parlamentar acumulava conflitos com o diretório local e, principalmente, com a Executiva Nacional tucana.

Recentemente, contrariou a indicação do partido, que apoiava o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) nas eleições para a presidência da Câmara dos Deputados, e se tornou um dos principais aliados deputado Arthur Lira (PP-AL), inclusive, o acompanhando em campanha por todo o território brasileiro. Logo depois, ganhou notoriedade nacional ao apresentar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que muda as regras de imunidade parlamentar e dificulta a prisão de congressistas, a "PEC da Impunidade", rechaçada por setores da sociedade civil organizada e pelo próprio PSDB, que o ameaçou novamente de expulsão.

A primeira ameaça de ser banido do quadro da sigla tucana foi em agosto do ano passado. O presidente do partido, deputado federal Bruno Araújo (PE), abriu o processo de expulsão após Sabino ser indicado por um grupo de 11 partidos - nenhum deles o PSDB - para se tornar o líder da maioria na Câmara, cargo ocupado, na época, pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

A manobra já era uma estratégia do deputado Arthur Lira de tentar enfraquecer Aguinaldo, que despontava, naquele momento, como um dos nomes mais fortes de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para sucedê-lo na presidência da Câmara. Por participar desta articulação sem comunicar o partido, foi aberto o processo de expulsão que segue parado no Conselho de Ética do PSDB.

Atrito

Um ano antes, o deputado causou atrito no ninho tucano ao se tornar o relator do pedido de expulsão do deputado Aécio Neves (MG) da legenda. Acusado de corrupção em vários processos que ainda não foram julgados pela Justiça, após denúncias da Operação Lava Jato, Aécio era alvo dos ataques da bancada paulista do PSDB, que formalizaram o pedido. Sabino escreveu um parecer pelo arquivamento da solicitação, que foi aprovado, contrariando os aliados do governador de São Paulo, João Dória. Celso Sabino ainda tentou ser líder do PSDB, com o apoio de Aécio, contra o deputado Beto Pereira (MS), que, novamente, era o nome apoiado por João Dória.

"Ficou pública a divergência entre alguns dirigentes e o nosso mandato. Eu continuo seguindo os meus ideais e devo seguir em uma legenda de centro direita, que ainda estou tendo o cuidado de selecionar bem", disse o deputado paraense. Em nota encaminhada a O Liberal ele se posicionou sobre esses conflitos e a necessidade de buscar um novo partido.

"Fui eleito líder do partido em 2019 e impedido de exercer, por articulações de Dória que culminaram com a troca de 4 deputados de São Paulo. Fui escolhido Líder da Maioria em 2020 por mais de 257 deputados e o partido me constrangeu publicamente com uma inócua ameaça de expulsão. Estava em 2º lugar na pesquisa pra prefeito em Belém e não me foi dada a oportunidade de representar o partido no pleito. Não me foi permitido indicar candidatos nesta última eleição de prefeito pra receber o apoio do partido, através do fundo eleitoral, diferente de todos os outros deputados. E agora, por último, devido a minha amizade com Arthur e meu apoio a ele , contra a orientação do partido, que preferiu o candidato do Rodrigo maia, fui mais uma vez constrangido. Nesse sentido, não me restou outra opção senão buscar a tutela jurisdicional, junto ao TSE, com a competente ação declaratória de justa causa,  afim de garantir minha saída do partido sem a perda do mandato eletivo", disse.

Como a eleição para uma vaga na Câmara é proporcional, ou seja, os votos no partido também contam para definir quem são os eleitos, Sabino só pode sair do PSDB sem perder o mandato caso comprove que foi perseguido ou que a legenda mudou seu programa ideológico. Outra possibilidade é haver um acordo com o comando do PSDB e a direção da sigla permitir a saída do deputado e a manutenção do mandato.

 

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