Deputado é acusado de violência de gênero contra colega durante sessão da CPMI
Presidente da comissão afirma que se Brunini proferiu frase transfóbica, será fácil identificar por leitura labial.
Durante uma sessão da CPMI dos atos golpistas, nesta terça-feira (11), o deputado Abílio Brunini, do PL, foi acusado de praticar violência política de gênero contra a deputada Erika Hilton, do PSOL. A polêmica teve início quando Erika afirmou que Brunini constantemente atrapalhava os trabalhos da comissão e causava tumulto, aconselhando-o a buscar tratamento para sua carência em outro espaço.
No entanto, antes que Erika pudesse completar sua fala, Brunini teria dito: "Por quê, tá precisando de serviço?" Parlamentares próximos ao deputado, incluindo a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relataram que sua insinuação tinha como objetivo sugerir que a deputada estava se oferecendo para prostituição. Essa declaração foi ouvida apenas pelas pessoas que estavam nas proximidades, pois o microfone de Brunini estava desligado.
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Imagens das câmaras serão analisadas
A deputada Erika Hilton considerou a associação feita por Brunini como preconceituosa e discriminatória, ressaltando que essa associação alimenta estereótipos negativos sobre pessoas trans. Ela classificou a atitude do deputado como criminoso, desrespeitoso e violento, destacando que não tem qualquer relação com o tema discutido na CPMI. Apesar de não ter ouvido diretamente o ataque do colega, Erika afirmou que aguardará a liberação das imagens para obter evidências.
O senador Rogério Carvalho, do PT, considerou o comentário de Brunini como homofóbico. Ele estava sentado à frente do deputado. Diante das acusações, Brunini riu e negou qualquer tipo de ofensa quando questionado pelo presidente da CPMI, Arthur Maia.
Brunini recebeu o apoio de outros parlamentares, como o deputado André Fernandes (PL-CE). “Se ele [Brunini] falou, o que isso tem a ver com homofobia?”, questionou Fernandes, criticando a forma como Erika Hilton tinha se dirigido a Brunini pouco antes.
“Quer dizer que ela pode mandar ele tirar a carência dele em outro lugar. Isso ela pode falar?”, questionou o deputado André Fernandes.
Segundo Erika, ao usar o termo “carência”, referia-se ao comportamento do deputado durante as sessões do colegiado. “Ele parece querer chamar a nossa atenção. Isso me parece um comportamento baseado na psicanálise, não em questões de gênero ou de sexualidade”.
De qualquer forma, a polícia parlamentar irá investigar as filmagens e o deputado poderá ser punido caso se comprove sua conduta inadequada, segundo o presidente da CPMI. Maia disse que se Brunini proferiu a frase, será fácil identificar por leitura labial. “Se vossa excelência falou, vai ter a leitura labial e vai ser fácil identificar [o que foi dito]. Obviamente, deputado Abílio, se Vossa Excelência agiu dessa forma, não há dúvida de que o senhor será penalizado”, disse o deputado Arthur Maia.