MENU

BUSCA

Cresce o número de rodovias federais com pontos críticos no Pará

Levantamento da CNT mostra que houve aumento de mais de 100% no número de rodovias federais com problemas no Estado, entre 2021 e 2022

Elck Oliveira

De acordo com o Painel dos Pontos Críticos nas Rodovias Brasileiras, da Confederação Nacional de Transporte (CNT), caiu, entre 2021 e 2022, o número de rodovias estaduais com pontos críticos no Pará, saindo de 75, em 2021, para 55 em 2022, uma redução, portanto, de quase 30%. Por outro lado, o número de rodovias federais com pontos críticos subiu de 213 em 2021 para 351, em 2022. Uma alta de 114,4%. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a autarquia trabalhou, nos últimos anos, com “grande restrição orçamentária”, mas o Pará recebeu, no final do ano passado, um aporte de cerca de R$ 250 milhões, “valor este que já está empregado nos contratos e as empresas estão intensificando as obras no estado”.

Ainda de acordo com o órgão, que se manifestou por meio de nota, o Ministério dos Transportes deverá investir mais de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre deste ano, em todo o País, para revitalizar e intensificar obras rodoviárias. Para a advogada especialista em Direito de Trânsito, Rafaela Lobato, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro não trabalhou para a manutenção das rodovias federais, por isso, a situação se agravou tanto de um ano para o outro no Estado do Pará e, provavelmente, também em outros Estados do País. 

“O aumento de rodovias federais em situação crítica no Estado do Pará de 2021 para 2022 é consequência direta do despreparo e da negligência do Governo Federal da época com essas rodovias, seja no que diz respeito ao repasse de investimentos, ou na implementação de políticas de infraestrutura de transportes, como a manutenção, por exemplo. Por outro lado, o mérito da redução de pontos críticos em rodovias estaduais é do Governo do Pará durante a gestão do primeiro mandato”, destaca.

Segundo Rafaela, a má conservação das vias contribui proporcionalmente para os riscos enfrentados pelos condutores. “As rodovias em situações críticas estão mais propensas para a ocorrência de acidentes de trânsito, mesmo quando os motoristas transitam de forma correta nos termos da legislação de trânsito”, completa. 

Piores rodovias - De acordo com o estudo, as rodovias em pior estado de conservação no Pará são BR-163, BR-230, PA-250, BR-155, BR-158 e BR-010. Segundo o levantamento, em 2022, 91,3% das rodovias não contavam com sinalização e em apenas 5,3% das vias ela era considerada adequada. 

Segundo o presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens no Estado do Pará (Sindicam Pará), Eurico Tadeu Santos, o Pará reúne, hoje, algumas das piores rodovias do País. E as melhorias já são aguardadas há muito tempo por quem trafega por essas estradas. “Ao longo do tempo, nós não vemos nada de melhoria, pelo contrário, só piora. Na semana passada, por exemplo, nós tivemos um caso grave com vários caminhões que vieram do Ceará para cá e, na BR-316, deu avaria em todas as cargas por conta da situação das estradas. E o cliente em Belém não quis receber. Então, além da falta de sinalização, falta manutenção mesmo nas estradas. E tudo isso impacta na manutenção dos caminhões e no consumo de combustível exagerado e desnecessário”, lamenta. 

Para o bacharel em direito e especialista em trânsito Rafael Cristo, falta planejamento e gestão, sobretudo no âmbito federal. “O Pará é um grande vetor de crescimento no País, principalmente a região sul do Pará. É preciso ponderar, no entanto, que as rodovias no Estado ainda são quase todas de pista simples. É importante que os governos federal e estadual se sensibilizem e comecem a fazer a duplicação dessas vias, principalmente no trecho entre Castanhal e Santa Maria, onde ainda se registra um grande número de casos de violência no trânsito. Pista mais segura interfere na questão econômica e também fomenta outros setores”, alerta. 

Entre os principais tipos de pontos críticos encontrados nas rodovias federais e estaduais do Pará estão: 

Buraco grande - 81,5%

Erosão na pista - 10,1%

Queda de barreira - 3,6%

Ponte estreita - 2,8%

Outros - 1,7%

Ponte caída - 0,3%

 
Política