Bolsonaro transmite 'live' com humorista distribuindo banana para jornalistas; assista
Na porta do Palácio do Alvorada, humorista desce do comboio presidencial para zombar da imprensa

A cena inusitada aconteceu nesta quarta-feira (4). Em vez do presidente, um humorista desceu do carro do presidente Jair Bolsonaro e tentou distribuir bananas para os jornalistas que fazem a cobertura da Presidência da República. A ação foi acompanhada pelo presidente, pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e pelo chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Fabio Wajgarten. Os fotógrafos se resumiram a registrar a zombaria palaciana. Tudo foi transmitido pelo Facebook do presidente.
Tratava-se do humorista Márvio Lúcio, conhecido como Carioca, que saiu do carro oficial fantasiado de Bolsonaro. Foi o próprio Wajgarten que abriu a porta para ele descer. Ramos desceu de outro carro, minutos antes. Carioca estava com uma caixa cheia de bananas e a ofereceu para os apoiadores e jornalistas, em referência a um gesto que o presidente já fez em duas oportunidades para a imprensa. Alguns jornalistas viraram as costas e saíram da área de imprensa.
A “performance” foi filmada por um ajudante de ordens da Presidência e transmitida na conta de Bolsonaro no Facebook. O próprio presidente saiu de outro carro e ficou ao lado de Carioca. Mas se recusou a tratar do resultado do PIB, o pior em anos.
Jornalistas e políticos se posicionaram nas redes sociais.
Há quem considere, no Alvorada, que o PIB medíocre seja motivo para piada.
— Mônica Waldvogel (@MonicaWaldvogel) March 4, 2020
Não são os jornalistas. https://t.co/SvA1F0loXo
Quando um comediante grotesco substitui perfeitamente o Presidente da República numa entrevista coletiva, isso diz mais sobre o Presidente do que sobre o comediante.
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) March 4, 2020
Cartilha
O episódio desta quarta-feira acontece um dia depois de o governo divulgar a reedição de uma cartilha sobre proteção a jornalistas e comunicadores. Elaborado pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado pela ministra Damares Alves, o texto traz uma nova versão do documento, lançado no governo de Michel Temer, e prevê que "as autoridades públicas têm a obrigação de condenar veementemente agressões contra jornalistas". O manual diz ainda que "os agentes do Estado não devem adotar discursos públicos que exponham jornalistas".
Na semana passada, Bolsonaro atacou a editora do BR Político e colunista do jornal O Estado de S. Paulo, Vera Magalhães, que divulgou a notícia de que o presidente havia compartilhado dois vídeos para seus contatos no WhatsApp, convocando para manifestações em defesa do governo e contra o Congresso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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