Presidente da Petrobras alertou Bolsonaro sobre reajuste de combustíveis, dizem interlocutores
Silva e Luna vem adotando uma estratégia diferente do ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que acabou sendo demitido
O general Joaquim Silva e Luna, atual presidente da Petrobras, alertou o presidente Jair Bolsonaro, segundo interlocutores, que o reajuste dos combustíveis era inevitável por conta da defasagem dos preços em relação ao mercado internacional. As informações são do portal CNN Brasil.
As regras do mercado de capitais impedem que a estatal repasse informações privilegiadas sobre reajustes de preços, que podem mexer com o mercado. De acordo com apuração feira pela CNN, Silva e Luna não teria antecipado o tamanho do reajuste nem a data.
Na época do “petrolão”, a governança da Petrobras foi alterada e a empresa assinou termos de conduta com a Comissão de Valores Mobiliárias (CVM) no Brasil e com a Securities and Exchange Comission (SEC) nos Estados Unidos.
Após essa conversa, Bolsonaro declarou publicamente que “tudo que está ruim, pode piorar”. Pouco depois da fala do presidente, a Petrobras convocou uma coletiva de imprensa e falou sobre um eventual aumento de preços.
Ao ser questionado pelos repórteres, Silva e Luna confirmou havia uma defasagem dos preços praticados pela Petrobras em relação as cotações internacionais e que a estatal estudava reajustar os combustíveis.
Nesta terça-feira (28), a Petrobras comunicou um reajuste de 8,9% no preço do diesel na refinaria a partir de hoje (29). O preço médio do litro para as distribuidoras passou de R$ 2,70 para R$ 3,06 – uma alta de R$ 0,25.
Fontes próximas ao Palácio do Planalto explicam que Silva e Luna vem adotando uma estratégia diferente do ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que acabou sendo demitido por Bolsonaro.
Castello Branco promovia os reajustes dos combustíveis sem qualquer tipo de interlocução com o Planalto, o que irritava o presidente. Já o general, tem optado por explicar para Bolsonaro a dinâmica do mercado de petróleo e que os diretores da Petrobras podem responder – inclusive juridicamente – por eventual manipulação de preço.
Essa estratégia de se diferenciar do antecessor tem agradado ao Palácio do Planalto, que vê alinhamento entre Bolsonaro e Luna e Silva. Nas conversas que têm tido, segundo aliados, o general relata ao presidente da República, por exemplo, a impossibilidade de se alterar a política de preços da estatal em razão de ele ser regido pelo mercado internacional.
Fontes garantem que entre Bolsonaro e o presidente da Estatal, há uma espécie de acordo tácito. Bolsonaro critica os preços, mas concorda que Silva e Luna tenha liberdade para atuar. O presidente da República só pede para não se pego de surpresa em relação às decisões da petrolífera. Silva e Luna, por sua vez, pede que não haja intervenção no seu trabalho.
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