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'Não há alternativa ao multilateralismo', diz Lula em artigo publicado em jornais internacionais

O presidente critica tarifa dos EUA, defende a ONU e cobra ação climática dos países ricos

Thaline Silva*

Um artigo assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e divulgado pelo Planalto do Alvorada nesta sexta-feira (11) traz declarações do sobre os desafios políticos, econômicos e sociais que o mundo enfrenta em 2025. A fala ocorre em meio ao anúncio de que os Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, aplicarão uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A medida foi considerada um ato político por parte da imprensa internacional.

Para o presidente Lula, o ano de 2025 “deveria ser um momento de celebração dedicado às oito décadas de existência da Organização das Nações Unidas (ONU)”, mas pode entrar para a história como o “ano em que a ordem internacional construída a partir de 1945 desmoronou". 

No artigo, publicado nos jornais Le Monde (França), El País (Espanha), The Guardian (Reino Unido), Der Spiegel (Alemanha), Corriere della Sera (Itália), Yomiuri Shimbun (Japão), China Daily (China), Clarín (Argentina) e La Jornada (México), Lula cita como exemplos de crises geopolíticas a invasão do Iraque e do Afeganistão, a intervenção na Líbia e a guerra na Ucrânia. Segundo o presidente, alguns membros permanentes do Conselho de Segurança “banalizaram o uso ilegal da força”.

Lula também afirmou que a “lei do mais forte” ameaça o sistema multilateral de comércio. “Tarifaços desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação. A Organização Mundial do Comércio foi esvaziada e ninguém se recorda da Rodada de Desenvolvimento de Doha”, destaca.

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Justiça social e climática

O presidente criticou o corte de programas de cooperação por parte de vários países, quando o esperado seria redobrar os esforços para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. “Os recursos são insuficientes, seu custo é elevado, o acesso é burocrático e as condições impostas não respeitam as realidades locais".

No que diz respeito às pautas climáticas, Lula observou que os países ricos, responsáveis pelas maiores emissões de carbono, não serão os mais afetados. “Mas serão os mais pobres quem mais sofrerão com a mudança do clima”, sugere.

Manutenção das instituições

Lula também abordou os ataques às instituições internacionais, destacando os avanços alcançados por meio do sistema multilateral. “Se hoje a varíola está erradicada, a camada de ozônio está preservada e os direitos dos trabalhadores ainda estão assegurados em boa parte do mundo, é graças ao esforço dessas instituições". 

O presidente refletiu sobre a crescente polarização e o uso recorrente da palavra "desglobalização", mas ressaltou que “mas é impossível ‘desplanetizar’ nossa vida em comum”.

Ele finalizou a declaração defendendo que o Brasil manterá sua vocação para a colaboração entre as nações, por meio de fóruns como o G20, os BRICS e a COP 30, além de reforçar a importância da diplomacia para “refundar as estruturas de um verdadeiro multilateralismo”.

*Thaline Silva, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do núcleo de Política e Economia