Gilmar Mendes manda PF apurar citações a líder do governo
A decisão foi tomada no âmbito da Operação Underhand, deflagrada anteontem.
O ministro Gilmar Mendes, relator no Supremo Tribunal Federal (STF) da investigação sobre suspeitas de desvio de emendas parlamentares destinadas a municípios do Ceará, determinou que a Polícia Federal abra uma apuração específica sobre as citações aos deputados José Guimarães (PT), líder do governo na Câmara, Eunício Oliveira (MDB) e Yury do Paredão (MDB).
Os três parlamentares negam qualquer envolvimento com atos ilícitos relacionados ao uso de emendas.
A decisão foi tomada no âmbito da Operação Underhand, deflagrada anteontem. O principal alvo da primeira fase da operação foi o deputado Júnior Mano (PSB-CE), suspeito de atuar em parceria com Carlos Alberto Queiroz Pereira, o Bebeto do Choró (PSB), no comando de um esquema que teria usado recursos de emendas para alavancar candidaturas aliadas nas eleições municipais de 2024 e assumir o controle político de pelo menos 50 cidades cearenses.
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Citações
Guimarães, Eunício e Paredão foram mencionados por Bebeto do Choró em mensagens interceptadas pela PF. Apontado como um dos líderes do esquema, Bebeto foi eleito prefeito de Choró (CE), mas teve a posse indeferida pela Justiça Eleitoral em janeiro de 2025. Ele está foragido e tem mandado de prisão em aberto.
Nas mensagens, Bebeto afirma que Eunício teria confirmado o repasse de R$ 2 milhões por Guimarães ao município e que ele próprio indicou emenda de R$ 1 milhão. Em outra conversa, há referência a Yury do Paredão. As citações, contudo, não configuram provas de corrupção, e Gilmar Mendes avaliou que, diante da menção aos nomes, é necessária uma investigação complementar para apurar se houve ou não envolvimento dos parlamentares na execução das emendas.
A operação teve origem em denúncias feitas pela ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos). Em depoimento ao Ministério Público e em entrevista ao Estadão, ela relatou que o grupo político de Júnior Mano utilizava empresas associadas a Bebeto para vencer licitações e lavar recursos destinados a campanhas, por meio de caixa dois e compra de votos.
Defesas
José Guimarães afirmou que não foi alvo da operação e que não destinou emendas para Canindé em 2024 e 2025. “Sobre o fato de ter o nome mencionado por pessoas investigadas, esclareço que não sou alvo de inquérito para apurar uso irregular de emendas”, declarou o petista.
Eunício disse que destina emendas a "dezenas" de municípios cearenses "de forma transparente e de acordo com a legislação". Já Yury do Paredão afirmou que faz as indicações com seriedade e responsabilidade, e que está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.
Rozário Ximenes, por sua vez, negou que Eunício tenha recebido propina. “O deputado não desviou dinheiro de emenda. Ele a cancelou quando soube do esquema.” Anteontem, o parlamentar solicitou a suspensão de emendas destinadas aos municípios de Várzea Alegre e Brejo Santo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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