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Defesa de Bolsonaro diz que PF produziu 'peça política' e nega descumprir medidas

Estadão Conteúdo

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ele não descumpriu as medidas cautelares estabelecidas pelo ministro Alexandre de Moraes e sustenta que o relatório da Polícia Federal é uma "peça política".

"O relatório da Polícia Federal causa espanto. Encaixa-se como uma peça política, com o objetivo de desmoralizar um ex-presidente da República (que, quer queiram as autoridades policiais ou não, ainda é um líder político), expondo sua vida privada e acusando-o de fatos tão graves quanto descabidos. Parece incrível, mas boa parte do relatório dedica-se a um disse-me-disse sem qualquer relevância para a investigação", escreveu o advogado Celso Vilardi.

A defesa critica a divulgação de diálogos de Bolsonaro com seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e os relatórios sobre suas movimentações financeiras. O documento dos advogados ainda diz que há um "vazio de indícios" em mensagens citadas pela PF.

Em um desses documentos, a PF apontou que o ex-presidente recebeu R$ 30 milhões em um período de um ano entre 2023 e 2024, dentre outras transações.

Vilardi escreveu que o fato de Bolsonaro ter continuado se comunicando no WhatsApp com aliados após a proibição de usar redes sociais, estabelecida por Moraes em 18 de julho, não configura um descumprimento a essa ordem.

"Em nenhuma das decisões há qualquer menção ao uso de WhatsApp ou restrição ao envio de mensagens à lista de contatos privados - o que não se confunde com rede social", afirmou a defesa. De acordo com Vilardi, o relatório mostra que Bolsonaro interrompeu os diálogos com Eduardo depois que Moraes proferiu essa proibição. "Não há que se falar ou mesmo supor qualquer ilegalidade e descumprimento nas mensagens enviadas", escreveu.

'Ex-presidente não fugiu para Argentina'

A defesa também rebate as suspeitas de que a minuta de pedido de asilo ao presidente da Argentina, Javier Milei, fosse uma prova da intenção de fugir do Brasil e, portanto, justificaria uma prisão preventiva.

Vilardi afirma que o documento encontrado era antigo, de 2024, e um eventual decreto de prisão exigiria fatos contemporâneos.

"Fato é que, com ou sem o rascunho, o ex-presidente não fugiu. Pelo contrário, obedeceu a todas as decisões emanadas pela C. Suprema Corte, inclusive a que o proibia de viajar ao exterior, respondeu à denúncia oferecida, compareceu a todas as audiências, sempre respeitando todas as ordens deste E. STF", argumentou.

A defesa também afirma que não existem indícios de crimes nos diálogos de Bolsonaro com o advogado Martin de Luca, representante da rede social Rumble em ação contra o ministro Alexandre de Moraes. Sustenta ainda que o recebimento de uma mensagem por SMS do general Walter Braga Netto após a proibição de comunicação entre eles não teve resposta dada por Bolsonaro, comprovando o respeito à medida cautelar por parte do ex-presidente.

"A mensagem foi apenas recebida! Sem notícia de resposta. Sem qualquer reação. Sem qualquer comunicação por parte do ex-presidente", afirmou a defesa.

Agora, o ministro Alexandre de Moraes vai enviar o processo para uma manifestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, sobre o eventual descumprimento das cautelares.

Como mostrou o Estadão, integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliam que há poucas chances de solicitar a prisão preventiva de Bolsonaro com base nesses novos indícios colhidos pela Polícia Federal.