Úrsula Vidal confirma que vai para a Secult

PSOL admite convite à Úrsula, mas diz que não integrará novo governo

Redação Integrada
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O governador eleito do Pará, Helder Barbalho, confirmou em sua conta no Twitter o convite feito à jornalista e candidata ao Senado nas últimas eleições, Úrsula Vidal, para assumir a Secretaria de Estado de Cultura (Secult). Na mesma nota, ele também informa que a oferta foi aceita e, com isso, oficializa mais um nome para compor o seu secretariado. 

A informação, vazada nas redes sociais na noite de quinta-feira (27), foi reiterada pelo diretório estadual do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) no Pará que, no entanto, se manifestou contrário à possibilidade de participar do novo governo. A decisão tomada logo após o primeiro turno, quando o candidato pelo PSOL ao governo do Estado, Fernando Carneiro, deixou a disputa. Na ocasião, ele decidiu não apoiar nenhum dos candidatos que disputaram o segundo turno: Helder Barbalho (MDB) e Márcio Miranda (MDB).

Veja na íntegra as notas de Úrsula Vidal e do PSOL-PA

NOTA DE ÚRSULA VIDAL AO PARTIDO:

“Companheiras, companheiros

Ao longo de 2018, caminhamos junt@s numa jornada árdua, que incluiu sacrifícios múltiplos, descobertas transformadoras e resultados eleitorais muito expressivos. Minha caminhada com o Psol inicia  em 2016 quando, apesar das durísssimas acusações e críticas que recebi e contrariando aliados políticos, aceitei o isolamento e mergulhei de corpo e alma na campanha de segundo turno do atual companheiro Edmilson. Meu ingresso no PSOL aconteceu como o curso natural de um rio - minhas divergências públicas com a REDE e meus posicionamentos políticos foram se alinhando cada vez mais aos ideais do partido da solidariedade e do socialismo.

A pratica de um ativismo político ainda mais responsavel ocorreu de maneira  mais intensa depois de meu ingresso no PSOL. O resultado  foi uma  desafiadora candidatura majoritária ao senado, que teve o condão de unir as correntes do partido. Um dos pontos centrais da plataforma que apresentamos foi a defesa da cultura como fator de afirmação de nossa identidade, ancestralidade e de nossas memórias e tradições. Mas também como importante indutor econômico, fortalecendo ciclos criativos e colaborativos de geração de emprego e renda.

Nesta quarta-feira recebi um convite feito pelo governador eleito Hélder Barbalho: assumir a Secretaria de Cultura do Pará. Não chegamos ao Senado. Mas se a porta do parlamento, por ora, se fechou, entendo que este convite abre uma importante janela de oportunidades para inaugurar um tempo novo na gestão da Cultura deste estado, potencializando a pasta como ferramenta estratégica de difusão e produção cultural, criando, assim, uma dinâmica inovadora de promoção social descentralizada e inclusiva.

Não tenho como não atravessar esta janela para realizar aquilo que afirmei na campanha e que sempre fez parte de minha trajetória cidadã, de minha atuação profissional como comunicadora, jornalista,  documentarista, produtora cultural e ativista ambiental. Tem sentido de urgência construir um projeto democrático e participativo que valorize a cultura popular do Pará, tão maltratada nos anos que ficam para trás.

Quem fizer um mínimo esforço, encontrará na minha caminhada de vida todas as provas de que nunca escolhi o caminho mais fácil, nem o mais curto. Não tenho talento para a dissimulação, tampouco para o oportunismo. Meu compromisso maior não é com um projeto político partidário de escalada pessoal: é com as centenas de milhares de mulheres e homens que alimentam as raízes da cultura popular, da economia criativa, da produção e difusão de conteúdo artístico, em suas mais diversas expressões. Porque Cultura é alimento, e nosso povo está morrendo de inanição. Respeito o entendimento do partido, das lideranças, das correntes, dos homens e mulheres de bem que constroem nosso sonho socialista, todos os dias. Mas minha decisão é de atuar no espectro imediato do resgate de vidas, memórias e saberes de nossa gente.  Este será o maior desafio de minha vida.

Que venha este novo tempo de transformação de vidas e de sonhos. Um tempo de esperanças e realizações.”

 

NOTA OFICIAL DO PARTIDO:

O PSOL não participa do governo dos Barbalhos

Nosso partido surgiu como alternativa de poder no país.  Ao longo dessa trajetória construímos uma bela história sempre ligada aos movimentos sociais e nos diferenciando dos partidos tradicionais, a maioria deles envolvidos em escândalos de corrupção e acostumados ao "toma lá, dá cá" que marca a política nacional.

No Pará o PSOL reafirmou essa posição no 2° turno ao não apoiar nem MDB nem PSDB, faces da mesma moeda.

Portanto é com profunda estranheza que recebo pelas redes sociais, a notícia de que Ursula Vidal tenha aceitado integrar, na qualidade de secretária de cultura, o governo de Hélder Barbalho. É estranho porque essa questão nunca passou por nenhuma instância partidária e expressa uma ruptura política com o PSOL.

Nunca nos apresentamos como donos da verdade, mas sempre primamos pela independência diante dos partidos e dos governos da burguesia brasileira. Ao mesmo tempo sempre afirmamos que há muito mais semelhanças que diferenças entre o programa dos tucanos e dos Barbalhos: um projeto neoliberal que entrega nossas riquezas e destrói sistematicamente nossos recursos naturais e condena nosso povo à miséria.

Nessas eleições nosso programa foi de mudanças para o Pará. Esse não era apenas um programa eleitoral, mas um projeto de futuro e de inversão de prioridades que colocasse o povo em primeiro lugar e que usasse nossas riquezas para combater as desigualdades sociais que marcam nosso estado. Já naquele momento desautorizamos qualquer liderança partidária a manifestar apoio a Helder ou a Márcio Miranda.

Ursula afirma em sua nota que pretende construir "um projeto democrático e participativo" no governo do MDB. Quer "atuar no espectro imediato de resgate de vidas, memórias e saberes de nossa gente" e que espera "um novo tempo, de transformações de vidas e sonhos". Ela maneja, como sempre, as palavras com maestria, mas não há mágica possível que transforme o governo do MDB e de Hélder Barbalho em "democrático e participativo" e muito menos "em um novo tempo de transformações".

Reconheço em Ursula a expressão de uma oxigenação da política paraense. Por isso mesmo a recebemos de braços abertos no PSOL. Mas essa decisão, de se aliar à velha política, joga por terra toda a expectativa de renovação que depositamos nela.

Repudiamos essa atitude e reafirmamos que não há a menor condição de que ela continue no partido se de fato assumir esse cargo no governo Helder. Espero que ela tenha ciência disso e reflita melhor, optando pelo PSOL e recusando a proposta feita por Hélder Barbalho.

Fernando Carneiro

Vereador/Belém

Dirigente Nacional do PSOL

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Política
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