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'Vivi momentos de terror', relata sobrevivente de ataque homicida em Itaituba

Inconformado com separação, militar da reserva invade casa dos ex-sogros para matá-los

O Liberal

Uma tragédia anunciada por pouco não terminou em um duplo homicídio na cidade de Itaituba, no Baixo Amazonas. O casal Gerson Pinto Bandeira e Raimunda Amorim de Sousa tiveram a casa invadida na madrugada do último sábado (18), pelo ex-companheiro da filha, o militar da reserva conhecido como Moura. O acusado já havia estado na residência dos sogros em outra ocasião, em que proferiu várias ameaças de morte à mãe de sua ex-mulher, ao ponto de ter sido solicitada uma medida protetiva contra ele. Todavia, mesmo diante disso, ele não se deteve e, no fim de semana, aproveitou-se do elemento supresa para entrar na casa e atentar contra a vida do casal, matando Gerson e ferindo a sua esposa.

Em entrevista concedida ao portal 24 Horas News, na tarde da última terça-feira (21), Raimunda Amorim de Sousa relatou os momentos de pavor que passou ao lado do marido, na tentativa de escapar da fúria assassina do ex-genro. Ela contou que Moura invadiu a casa por volta das duas horas da madrugada e, pela forma que agiu, tudo leva a crer que a ação havia sido previamente planejada. “Ele chegou e desligou o 'padrão'. Eu soube que não tinha energia porque o cachorrinho latiu. Quando ele latiu, eu fui acender a lâmpada do quintal, e não tinha energia. Eu voltei e me deitei… Quando eu me deparei, ele já estava dentro do quarto dizendo: ‘Eu vou matar os dois’”.

Raimunda contou que ele partiu primeiro para cima dela. Nesse momento, o marido acordou com o barulho e, ao perceber o que se passava, tentou protegê-la, mas acabou sendo esfaqueado. Mesmo ferido, Gerson ainda correu para se esconder de Moura. “Eles travaram luta corporal, enquanto isso eu tentei lutar pra tomar a faca da mão dele. Meu marido falava ‘liga para a polícia’. Quando finalmente eu consegui tirar a faca, ele já tinha atingido o meu marido", relatou.

A vítima também revelou que Moura já tinha feito ameaças de morte à família. "Certo dia, ele ligou para minha filha dizendo que iria matar a família dela todinha, que ia espocar nossas cabeças com tiro. Aí a minha filha chamou a polícia. Graças a Deus, ele não apareceu […]”. Em outra ocasião, Moura chegou a entrar na casa dos ex-sogros e fez novas ameaças, afirmando que "iria acertar as contas". 

“Nesse dia, eu esqueci o portão aberto quando eu me deparei com ele em pé, com chapeuzão, camisas mangas compridas e máscara preta na cara. Eu nem reconheci. Chegou na porta mandando eu entrar para nós acertarmos as contas. E que se eu não entrasse, ele me atirava. Eu disse que não ia entrar. Eu arrodeou a mesa, e eu desci pro quintal. Mais uma vez ele ameaçou dizendo ‘não corre, pois se tu correr, eu te atiro’. Por conta disso eu pedi uma medida protetiva contra ele." 

Raimunda acredita que Moura tenha criado rancor dos sogros e dela, em particular, por acreditar que ela influenciava a ex-companheira a não voltar para ele. Mas se defende dizendo que simplesmente acolheu a filha. “Eles se separam porque ele bateu nela. Ela disse que não voltava mais porque ela tinha apanhado dele. E não voltou, mas ele não estava aceitando a separação. Ele chegou a comentar certa vez que ela só não voltava pra ele porque eu já tinha arrumado um 'macho' para ela, sendo que é mentira. Eu apenas acolhi minha filha, como qualquer pai e qualquer mãe faria."

Agora, Raimunda clama por justiça para o marido. “Eu quero é justiça, pelo amor de Deus, porque esse homem não pode estar no meio da sociedade. Meu marido era uma pessoa boa, não tinha maldade com ninguém… Era um bom pai, um bom filho, um bom esposo… Todo mundo gostava dele. Eu quero justiça, porque agora tá eu, meu filho, a família do meu esposo, todo mundo com medo dele”.

Polícia