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Naufrágio na Ilha de Cotijuba: reflutuação do barco é de responsabilidade da proprietária, diz Segup

O naufrágio da embarcação “Dona Lourdes II” completa dois meses desde que ocorreu na Baía do Marajó e matou 23 pessoas

O Liberal

A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) informou nesta segunda-feira (7), por meio de nota, que a reflutuação do barco, a partir de agora, será de responsabilidade da proprietária da embarcação e não do Governo do Pará. De acordo com a Segup, o segundo processo licitatório foi aberto em 20 de outubro e finalizado no mesmo dia, porém “nenhuma empresa apresentou proposta” e resultou no encerramento do procedimento. A empresa responsável pela embarcação é a M de Souza Navegações Ares, que pertence à Meire Ferreira de Souza, mãe de Marcos, o comandante do barco que permanece preso. O naufrágio da “Dona Lourdes II” completa dois meses nesta terça-feira (8) desde que ocorreu na Baía do Marajó, nas proximidades da proximidades da Praia da Saudade, na Iha de Cotijuba

Além disso, a Segup pontua que o motivo de passar a obrigação para a proprietária da “Dona Lourdes II”, é por conta de todas as 23 vítimas terem sido encontradas.

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Angústia por perder mãe e filha

Dois meses depois do acidente, Raimunda Nazaré do Nascimento dos Santos conversou com a redação integrada de O Liberal para falar sobre tudo que aconteceu nesse período. Ela e a irmã Norma Maria do Nascimento foram umas das sobreviventes do naufrágio. Raimunda era mãe de Sofhia Loren, de 4 anos, e filha Maria de Fátima Nascimento Conceição, 59 anos, que ambas morreram no naufrágio. Maria foi sepultada dois dias depois do acidente, enquanto Sofhia ficou desaparecida por 26 dias até ser encontrada. 

Durante quase um mês, o desespero da família apenas aumentava para saber o paradeiro da criança. Sofhia foi encontrada em uma praia próximo à Abaetetuba e foi trazida a Belém para passar por perícia no dia 3 de outubro. A família chegou em Belém no dia seguinte e para identificar o corpo no Instituto Médico Legal (IML). Até aquele momento não havia confirmação de que se tratava de Sofhia. Apenas 15 dias após o corpo ter sido localizado é que veio a comprovação, através de um exame de DNA, de que era a Sofhia. 

 “Pela angústia que a gente teve foi uma sensação de alívio. Não queríamos que ela fosse encontrada da forma que foi. Hoje completa dois meses da morte da minha mãe e a minha filha. Eu e a minha irmã (Norma) conseguimos sobreviver. Quem foi fazer o reconhecimento da Sofhia foi a irmã do pai biológico dela. Era uma dúvida que tínhamos de saber se ela estava viva”, disse. 

Raimunda foi questionada se em algum momento desses dois meses, a defesa de Marcos de Souza Oliveira tinha entrado em contato para conversar sobre a indenização estipulada em R$ 10 mil. Ela respondeu que não. Anteriormente, o advogado criminalista, Dorivaldo Belém, havia informado que o valor total de um processo por danos morais seria de R$ 220 mil e que o dinheiro seria divido entre as famílias que perderam pessoas no naufrágio. 

“Nunca entrou em contato comigo para falar sobre indenização. Eu mesma não pretendo conversar com eles. Ele (Marcos) tem que pagar pela imprudência deles. O que mais quero é justiça pela minha mãe, a Sofhia e os demais”, comentou.

Sofhia foi sepultada no dia 19 de outubro no cemitério da cidade de Salvaterra, no Marajó. 

Inquérito foi concluído pela Polícia Civil

A Polícia Civil (PC) comunicou que o inquérito do caso foi concluído e enviado ao Poder Judiciário. Marcos de Souza Oliveira, o comandante da “Dona Lourdes II”, foi capturado no dia 13 de setembro na casa do cunhado em Ananindeua, na Grande Belém. Segundo a PC, Marcos foi indiciado “por homicídio doloso e crime marítimo”.

O naufrágio

A embarcação, conduzida por Marcos de Souza Oliveira, estava irregular e saiu de um porto clandestino da comunidade de Camarazinho, em Cachoeira do Arari, na ilha do Marajó, com destino a Belém, e afundou nas proximidades da ilha de Cotijuba, na baía do Marajó, na capital paraense. Foram 23 pessoas mortas e 66 sobreviventes.

Como denunciar irregularidades em embarcações

Denúncias relacionadas a irregularidades de embarcações ou possíveis problemas nas condições de barcos podem ser feitas à Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR), por meio do telefone (91) 99114-9187.

Polícia