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Médico que atestou o óbito de Marília Mendonça diz não esquecer a cena dentro do avião

O médico afirma que era um super fã da cantora e que foi um dos dias mais difíceis que já teve profissionalmente

Ândria Almeida

Após seis dias da morte da cantora Marília Mendonça, ocorrido com a queda do avião Beechcraft King Air C90, no município de Caratinga, interior de Minas Gerais, o médico intervencionista e coordenador do Samu da cidade, Kleyton Carvalho, que foi o primeiro profissional da saúde a entrar na aeronave, fez diversos relatos sobre o resgate do corpo da cantora e de mais quatro passageiros em entrevista à Redação Integrada de O Liberal.


Kleyton contou que chegou no local onde o avião estava por volta das 15 horas  depois de receber o chamado por meio da central de regulação da cidade. Ele afirma que a cena foi impactante, pois os corpos estavam bem próximos um do outro e que nesse momento ainda não sabia a identidade das vítimas.

“O primeiro corpo que vi era do produtor, cheguei até ele e verifiquei se tinha sinais vitais, não tinha mais. Aí fui para o lado, e tive a confirmação de que se tratava da Marília Mendonça, fui até ela verificar os sinais vitais, mas infelizmente também estava sem sinais vitais. Logo à frente estava o tio dela, também caído no meio da aeronave, mais adiante encontrei os pilotos, todos estavam sem sinais vitais”, lamentou o médico.

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Emoção ao se deparar com o rosto de Marília

Perguntado sobre o que viu ao olhar para o rosto da artista, ele detalhou emocionado.

“Não tinha machucado, não tinha cicatriz, nem nada que chamasse atenção, como fratura exposta ou coisas do tipo. Estava ali um anjo repousando, um anjo dormindo, ali estava a rainha sertaneja, a rainha do Brasil, a mãe do Léo, a filha da dona Ruth. Ali era um rosto de anjo”, expressou-se.

Kleyton destaca ainda sobre o cheiro dentro da aeronave, o intervencionista falou sobre um perfume muito bom, adocicado, que acredita ter quebrado na hora do impacto. Esse cheiro, afirma ele, era de Marília.

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“Eu sei que era dela porque como tive muito contato durante a retirada dos corpos, senti somente  nela. Essa lembrança do cheiro vai ficar o resto da vida, é algo que marcou bastante. Quando cheguei em casa a mistura do perfume com o combustível eu sentia muito forte”, relembrou.

Seguindo com relato sobre os objetos da cantora, o especialista em atendimento de urgência e emergência diz ter encontrado o celular de Marília. Ele conta que o descanso da tela estava com a foto dela e que havia uma quantidade grande de notificaçoes de mensagens chegando.

 

Cenário dentro do avião

O médico disse que ficou surpreso com a destruição do lado dentro da aeronave, que segundo ele, não dava para notar do lado fora o quanto ela estava danificada. O médico descreveu os detalhes por dentro.

“Para quem olhava a aeronave do lado de fora, entendia que ela não estava tão danificada. Quando entrei eu pude perceber e ver a destruição do lado de dentro. Tinha mala sobre as vítimas, material espalhado, a lateral de dentro tinha se desprendido, tinha bancos, malas e todos os materiais usados no voo em cima dos corpos. Eu não esperava encontrar a aeronave nessa situação quando entrei, muito destruída”, relatou.

Em respeito às famílias das vítimas, o médico teve a iniciativa de preservar a imagem dos corpos no momento da retirada do avião.

“Foi difícil, mas graças a Deus não houve exposição das vítimas. Depois que acabou tudo eu tive que me conter, tive que ser forte para controlar a situação de todo atendimento”, disse.

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