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Policial Civil que matou advogado presta depoimento e é liberado em seguida

Defesa argumenta que agente de segurança se defendeu de uma agressão da vítima

O Liberal

O investigador José Tiago Barros da Costa, da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais da Polícia Civil (Core PC), suspeito de atirar e matar o advogado criminalista Carlos Alberto dos Santos Costa Júnior prestou depoimento, na tarde desta segunda-feira (01/12), na Divisão de Crimes Funcionais (Decrif), e foi liberado em seguida. A investigação conduzida por um delegado da Decrif decidirá se o investigador será afastado de suas funções na Polícia Civil.

O crime ocorreu no último domingo (30/12), em frente a uma casa de festas conhecida no bairro da Marambaia, localizada na avenida Rodolfo Chermont, próximo à rua da Marinha. José Tiago da Costa atirou duas vezes contra o advogado Carlos Costa Júnior, que morreu.

A defesa do suspeito alega que o servidor se defendeu de agressão de Carlos Alberto. O advogado do servidor Eduardo Monteiro aponta que os relatos de testemunhas e de vídeos de câmeras de segurança demostrariam que José Tiago tentou apenas se defender.

Segundo a versão da defesa, José Tiago chegou ao local para se encontrar com um grupo de amigos policiais. Após um tempo da comemoração, o irmão do investigador, que é policial militar do Batalhão de Rondas Ostensivas Motorizadas (Rotam), o chamou para conversar.

Enquanto os dois conversavam, o advogado Carlos Alberto chegou próximo e perguntou por que José Tiago estava encarando sua namorada. O investigador respondeu que não estava olhando para ninguém. Carlos Alberto teria ameaçado dar um soco no policial, e em seguida se afastou dos irmãos. Um pouco distante, ele teria continuado a falar gesticulando e apontando para o investigador.

Pouco depois do ocorrido, José Tiago decidiu ir embora, mas antes viu Carlos Alberto e resolveu abordá-lo junto com o irmão integrante da Rotam. “Ele ia chegar para fazer a abordagem. Se fosse o caso acompanhar, pegar ele [Carlos Alberto] para levar para a delegacia para identificação. Não se tratava de quem era a pessoa, que era um advogado, ele não sabia. Nunca tinham se visto”, diz a defesa.

Teria sido nesse momento, quando os irmãos se aproximavam para a abordagem, que Carlos Alberto pegou uma garrafa, e tentou acertar o policial. José Tiago atirou a primeira vez com o intuito de pará-lo, como o advogado continuou em sua direção, o policial atirou novamente.

Indagado, se o investigador estava alcoolizado, o defensor negou e disse que José Tiago está tomando medicamentos por problemas renais. “Depois que aconteceu esse fatídico, ele [José Tiago] ficou muito mal. Entrou em estado de choque. Entrou num estresse pós-traumático muito grande, numa crise de choro”, declara o advogado de defesa Eduardo Monteiro. Por causa disso, o policial não pôde ser apresentado no mesmo dia, e por isso procurou somente hoje a Decrif para dar o seu relato.

Monteiro se disse solidário e consternado à perda da família da vítima e apontou o caso como “uma fatalidade”. Ele ressaltou que o cliente tem uma reputação ilibada dentro da corporação. Antes de ser policial civil, José Tiago foi analista do Tribunal de Justiça do Estado (TJE-PA).

“Ele tem uma conduta totalmente ilibada dentro da Polícia Civil. Não tem nada que desabone a conduta dele. É um policial exemplar, não tem nenhum tipo de problema com a justiça. Ele é um servidor público, é pai, paga os seus impostos, e isso foi um fato isolado na vida dele”, alegou. 

Duas testemunhas deverão ser ouvidas pelo delegado responsável pela investigação nesta terça-feira (02). O delegado deverá concluir o inquérito, finalizar o relatório e remeter o processo para o devido procedimento legal.

Em nota, a Polícia Civil informou que "o investigador se apresentou na tarde desta segunda-feira (01), na Divisão de Crimes Funcionais (DCRIF), vinculada à Corregedoria-Geral da instituição, na companhia de seu advogado, e vai responder ao inquérito policial pelo crime de homicídio. A arma do policial foi apreendida e vai ser submetida à perícia balística. As investigações seguem, visando esclarecer todos os fatos".