MENU

BUSCA

Perícia será decisiva para esclarecer mortes de personal e PM em Belém, diz advogado

Advogado do sargento envolvido afirma que investigação técnica é única forma de apurar de onde partiram os tiros que mataram Rodrigo Ferreira e Alberto Quintela

O Liberal

A conclusão das perícias técnicas — nas armas, no veículo e nos celulares das vítimas — será fundamental para elucidar a dinâmica da ação que terminou com a morte do policial militar Rodrigo Alves Ferreira e do personal trainer Alberto Wilson dos Santos Quintela, na noite da última segunda-feira (19), em frente a uma academia localizada na avenida Senador Lemos, no bairro da Sacramenta, em Belém.

O procedimento também será importante para esclarecer de onde partiram os tiros que mataram as vítimas. A afirmação é do advogado criminalista Alisson Costa, responsável pela defesa do sargento Luiz Carvalho, que interveio no caso acreditando tratar-se de um assalto. Luiz se apresentou à Polícia Civil na quarta-feira (21), foi ouvido e liberado. A reportagem do Grupo Liberal entrou em contato com a Polícia Científica do Pará (PCEPA), responsável pelas perícias, para checar se os laudos já foram finalizados.

Câmeras mostram abordagem antes dos disparos

O episódio foi registrado por câmeras de segurança da academia, e as imagens mostram o momento em que o PM Rodrigo chega de motocicleta, já com a arma em punho, e aborda o personal, que se preparava para deixar o local em seu carro.

VEJA MAIS

Personal e PM mortos em Belém: Sargento achou que estava impedindo um assalto, diz advogado
O sargento Luiz prestou depoimen​to na quarta-feira (21), na Divisão de Homicídios, em São Brás, e foi liberado

Policial suspeito de envolvimento em duplo homicídio de personal e PM, em Belém, se apresenta à PC
O crime ocorreu em frente a uma academia na Avenida Senador Lemos, no bairro da Sacramenta

Do outro lado da rua, o sargento Luiz aguardava a esposa — funcionária da academia — quando percebeu a abordagem e interveio, acreditando tratar-se de um assalto. A sequência de ações terminou com a morte do policial e do personal. As armas dos dois policiais foram apreendidas e encaminhadas à perícia, assim como o carro de Alberto.

“A perícia é quem vai trazer a verdade real”, afirmou o advogado Alisson Costa, em entrevista ao Grupo Liberal nesta sexta-feira (23). “Somente ela poderá determinar quem atirou, quantos disparos foram feitos, de onde partiram os tiros que atingiram o personal e o policial, e se havia alguma relação prévia entre as vítimas. Tudo o que existe até aqui são versões, especulações e boatos. A perícia é a única que poderá esclarecer os fatos com base técnica.”

Defesa afirma que sargento agiu em legítima defesa

Segundo Costa, o sargento Luiz relatou que, ao observar um homem em uma moto sem placa, usando luvas, balaclava, capacete e com uma arma em punho se aproximando do carro, interpretou a situação como um assalto. “Algumas pessoas que estavam na calçada gritaram: ‘É um assalto!’. Foi nesse momento que ele agiu em legítima defesa de terceiros”, reforçou o advogado.

De acordo com o depoimento do sargento Luiz Carvalho, o agressor — identificado depois como o policial militar Rodrigo Alves — ainda estava com a arma em punho quando caiu no chão e tentava acessar um segundo armamento. “Foi nesse instante que o sargento efetuou mais um ou dois disparos, ele não sabe precisar. A perícia vai confirmar”, destacou o advogado.

Costa também comentou sobre a repercussão da imagem que mostra o sargento Luiz deixando o local caminhando lentamente após os disparos. “Alguns disseram que ele estava frio, mas ele tem uma cardiopatia grave. Fez cirurgia de peito aberto e está com outra marcada. Ele não pode correr nem entrar em luta corporal. A forma como ele se afastou não foi escolha, foi limitação física”, explicou o advogado.

Colaboração e laudos técnicos são foco da investigação

Alisson Costa enfatizou que o sargento está colaborando com as investigações desde o início. “Ele se apresentou voluntariamente, entregou sua arma, o carregador e as munições. Está à disposição da autoridade policial. Não há qualquer justificativa para prisão preventiva”, argumentou.

Questionado sobre a possibilidade de o sargento ter sido o autor dos disparos que atingiram o personal, o advogado foi categórico: “Seria leviano afirmar ou descartar isso agora. Só a perícia poderá responder.”

O caso segue em investigação pela Polícia Civil. Além das análises balísticas, também serão periciados os celulares das vítimas, o que pode ajudar a esclarecer se havia algum tipo de conflito entre Rodrigo e Alberto antes do ocorrido. “A defesa não vai entrar nesse campo de boatos. Se houve algo entre eles, será a perícia que vai dizer, com provas”, disse Costa.

Sargento se mantém afastado

Abalado, o sargento Luiz está afastado das redes sociais e da cobertura do caso. “Ele está profundamente afetado, tanto por descobrir que o agressor era um colega de farda quanto pela morte do personal. Está evitando informações para proteger sua saúde emocional e física”, finalizou o advogado.

Em nota, a Polícia Científica do Pará informa que o laudo será finalizado e em seguida, enviado para a Polícia Civil, que investiga o caso.

Polícia