Advogado morto na Marambaia: Defesa da família da vítima pedirá a prisão de investigador suspeito
A defesa afirma que as medidas adotadas até o momento são insuficientes e que o afastamento do policial para funções exclusivamente administrativas não garante a segurança e a integridade da investigação
Os advogados que representam a família do advogado criminalista Carlos Alberto dos Santos Costa Júnior, morto a tiros na madrugada de domingo (30), em Belém, anunciaram que irão solicitar a prisão do investigador da Polícia Civil José Tiago Barros da Costa, apontado como autor dos disparos. A informação foi confirmada nesta terça-feira (2), durante entrevista ao Grupo Liberal.
A defesa afirma que as medidas adotadas até o momento são insuficientes e que o afastamento do policial para funções exclusivamente administrativas não garante a segurança e a integridade da investigação. “Só afastá-lo da sua atividade diária é muito pouco. Ele tem acesso a mecanismos, a sistemas. O modus operandi demonstra frieza e irresponsabilidade com a vida humana. Isso não é o que se espera de um agente de segurança pública”, declarou o advogado Faulz Sauaia, que atua na defesa da família da vítima.
Segundo Sauaia, a habilitação formal da assistência deve ocorrer nesta quarta-feira (3), quando a equipe terá acesso à íntegra dos autos. A partir disso, serão apresentados pedidos para novas oitivas e aprofundamento das diligências. “Os vídeos já estão de posse da autoridade policial, e nós iremos pedir a prisão do Tiago, por entender que as medidas até agora tomadas, ou a falta delas, são insuficientes”, reafirmou.
Famílias em choque e busca por responsabilização
Em meio à dor dos familiares, o advogado Fabrício Saldanha ressaltou que o objetivo é garantir justiça. “É uma família destruída, sofrendo com a ausência. O Carlos era um advogado atuante há mais de 10 anos de OAB. Um jovem de 36 anos, formado desde os 26, trabalhador. A mãe está destruída, sentindo a falta do filho que não vai ver mais”, lamentou. Saldanha destacou que a defesa não busca punitivismo, mas responsabilização.
Depoimento e versão do investigado
José Tiago Barros da Costa, integrante da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), prestou depoimento na segunda-feira (1º) na Divisão de Crimes Funcionais (Decrif) e foi liberado em seguida. Em nota, a Polícia Civil informou que o servidor foi afastado de suas funções habituais e permanecerá em atividades administrativas enquanto o inquérito estiver em andamento.
A defesa do policial, representada pelo advogado Eduardo Monteiro, afirma que ele agiu em legítima defesa e que imagens de câmeras de segurança reforçariam essa versão.
Dinâmica do crime
A confusão teria começado dentro da casa de festas, no bairro da Marambaia, após o policial supostamente olhar para a esposa de Carlos Alberto. A discussão seguiu para a área externa, onde, segundo relatos preliminares, o advogado teria avançado com uma garrafa de vidro na mão. O policial tentou correr, mas, ao ser novamente alcançado, sacou a arma e efetuou os disparos que mataram o advogado.
Câmeras de segurança registraram o momento em que o investigador é retirado do local logo após os tiros. A Polícia Científica realizou perícia na área e recolheu o corpo, encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).
Próximos passos
A defesa da família espera que o caso seja denunciado pelo Ministério Público e levado ao Tribunal do Júri, sob a tese de homicídio doloso qualificado, por motivo fútil ou torpe e com impossibilidade de defesa da vítima.
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