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Vacinação contra covid-19 é prejudicada no Pará por mais de 222 mil faltosos e atrasados

Motivos para a ausência variam, mas é fato que o atraso tem implicações individuais e coletivas

O Liberal

A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) ressalta que 222.499 pessoas estão atrasadas na imunização contra a covid, no Estado. Os períodos de atraso são estimados após 30 dias sem receber a segunda dose das vacinas CoronaVac e após 90 dias sem receber a segunda dose da vacina AstraZeneca. Ainda segundo a Sespa, o cálculo deste quantitativo é feito a partir de dados enviados por cada município, já que cada um é responsável pela execução das suas vacinas. Casos de atraso no calendário provocados por esquecimento, adoecimento ou até mesmo desistência de vacinação, preocupam autoridades e especialistas e impedem o avanço da luta contra a covid-19 no Pará.

Moradora de Ananindeua, a dona de casa Roseli Silva, 54 anos, perdeu o calendário de vacinação para a primeira dose no município. “Eu estava meio adoentada e perdi a vez para minha idade na época. Fiquei esperando a nova chamada. Mas também quando abriu eu não perdi a oportunidade. Tive sorte porque não demorou a segunda chamada. A próxima dose está marcada para setembro e não vou esquecer”, afirma a moradora,

Já a funcionária pública municipal Cláudia Freire, 61 anos, não teve a mesma sorte para sua segunda dose. Ela conta que o calendário de vacinação para o grupo de idade demorou pelo menos 20 dias para reabrir. “Estava prevista para uma segunda-feira a segunda dose e eu não pude ir. No dia seguinte, eu vi que já não tinha mais o imunizante para nenhuma faixa etária, então tive que esperar bastante porque estava em falta a CoronaVac, na época”, relembra.

Para a infectologista Helena Brígido, além de atrasarem o combate à pandemia, pessoas que faltam ao calendário de vacinação, por qualquer que seja o motivo, continuam sujeitas a desenvolverem casos mais graves da doença. “É preciso conscientizar as pessoas da importância de cumprir o calendário e motivá-las a procurarem informações sobre segundas chamadas, muitas perdem e desistem porque acham que não haverá imunizante para elas”, destaca a médica.

Helena cita estudos sobre processos como reação e eficácia da vacinação contra a covid são realizados por especialistas e pesquisadores de todo o mundo, mas muitos ainda não podem ser considerados definitivos por ainda estarem em andamento. Um deles é que, por enquanto, em caso de atraso, o importante é procurar a segunda dose o quanto antes.

“Em linhas gerais, o objetivo das vacinas para qualquer doença é produzir anticorpos. No caso de vacinas como febre amarela, sabemos que uma dose única pode oferecer imunidade para a vida toda; no caso da hepatite B, são 3 doses; gripe, uma aplicação por ano. Já para a covid, até o momento não sabemos ao certo quando vamos precisar reforçar as doses hoje distribuídas, se vamos precisar de mais doses, porque é tudo muito recente. Muitos cientistas ainda se debruçam em descobrir reações, como por exemplo, por que eu posso pegar covid entre uma dose e outra e etc.”, aponta.

Por fim, a infectologista faz uma ressalva e um apelo às pessoas quem por algum motivo perderam o calendário: “Não há comprovação de que qualquer vacina seja totalmente eficaz contra a covid. São muitas marcas, mas todas são importantes pois elas com certeza impedem gravidades e mortes. Elas são importantes para amenizar esse cenário de tantas perdas”.

Pará