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Ufra divulga nota em que reforça necessidade de distanciamento social no combate à covid-19

Estudo da universidade referendou retomada das atividades econômicas no estado, mas instituição reafirma que isolamento é única medida eficaz no momento

João Thiago Dias

A Universidade Rural Federal da Amazônia (Ufra) defendeu, por meio de nota divulgada nesta quarta-feira (03), a necessidade do distanciamento como forma de controle da pandemia da covid-19 e informou que o objetivo do trabalho de previsão de casos usado como base pelo governo do Pará para a retomada econômica, assinado pela instituição, não é determinar a abertura ou o fechamento de estabelecimentos. Segundo a Ufra, o objetivo é oferecer indicadores numéricos, juntamente com outras universidades e instituições de pesquisa, para auxiliar de maneira técnica na construção de decisões por parte das autoridades públicas – estas, sim, responsáveis pela tomada de decisões. 

"A universidade reafirma a necessidade do distanciamento como forma de controle da pandemia, posicionamento este que é reforçado pela própria decisão da Ufra de manter todas as suas atividades não essenciais suspensas por tempo indeterminado, incluindo as aulas. A instituição recomenda sobremaneira a permanência dos cuidados individuais e coletivos à sociedade paraense para evitar novas ondas de contágio", pontuou a nota. 
  
O posicionamento veio após o governo do Pará divulgar o plano de retomada na última sexta-feira (29). Na ocasião, informou que o estudo era referendado por Ufra e Universidade Federal do Pará (UFPA), apontando tendência de queda no número de casos de covid-19 na Região Metropolitana de Belém. Na tarde da última terça-feira (02), a UFPA negou ter responsabilidade institucional sobre o estudo. Respondendo ao questionamento do perfil "Belém Trânsito", pelo twitter, a instituição afirmou que "o relatório mencionado é de responsabilidade institucional apenas da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), não da UFPA, ainda que tenha contado com a participação de docentes da UFPA, que atuaram com independência no estudo". 

Na nota divulgada nesta quarta, a Ufra começou destacando que o debate científico é normal e desejável para o crescimento de uma sociedade. "Sem o conhecimento produzido pela ciência, a sociedade ficaria presa a achismos. Neste sentido, a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) está voltando seus esforços, assim como as demais instituições de pesquisa brasileiras, para a busca de conhecimentos e de soluções para o enfrentamento da pandemia que hoje assola a humanidade. Todos os estudos apresentados até agora denotam o esforço de pesquisadores, a partir de diferentes metodologias, técnicas e bases de dados, em oferecer informações que possam abastecer os órgãos competentes".

Segundo a instituição, é preciso entender que o estudo desenvolvido não tem qualquer intenção de apresentar uma verdade absoluta. A universidade diz que trata-se de uma pesquisa séria, cadastrada junto à Pró-Reitoria de Extensão da Ufra, conduzida por profissionais capacitados e que explora uma solução metodológica para entender o fenômeno das curvas de contágio do novo coronavírus. "O estudo se baseia nos dados oficiais divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sespa), devendo ser utilizado de forma complementar a outras pesquisas e estudos científicos realizados por outras instituições".

A nota também comenta que os resultados das previsões da Ufra têm demonstrado grande acurácia com base nessa perspectiva. Tais resultados, segundo a Ufra, são corroborados por autores de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que demonstrou tendência de redução de casos de covid-19 na região Norte do Brasil.

"No entanto, a Ufra vem reafirmando a necessidade de distanciamento social, o que foi destacado tanto no Relatório Técnico Nº 1, publicado no dia 23 de maio de 2020, quanto nos boletins covid-PA, publicados semanalmente. As medidas de distanciamento são fundamentais para um eventual retorno à normalidade, seguindo um gradiente cauteloso que vai do 'lockdown' até o 'novo normal'.", pontuou.

O posicionamento também ressaltou que o Boletim covid-PA Nº 1, publicado no dia 13 de maio, chama atenção para as subnotificações no estado do Pará. "A Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), em recente estudo, indica que as subnotificações no Brasil sejam cerca de sete vezes maiores do que os números oficiais. No Boletim Nº 2, publicado em 21/05, chamamos a atenção, ainda, para a baixa acurácia dos testes rápidos de covid-19, o que pode indicar que as subnotificações sejam ainda maiores. O documento também ressalta a necessidade de se fazer um estudo de testagens específico para o Pará e suas microrregiões, onde a pandemia se comporta de maneiras diferentes", detalhou a nota.

"Por fim, ressaltamos que qualquer retomada de atividades não essenciais deve ocorrer mediante um rígido protocolo de segurança, sob risco de uma segunda onda de contaminação - e esta, caso ocorra, requer um novo enrijecimento das medidas de distanciamento social. O mundo está buscando alternativas para o fim da pandemia e um retorno gradual ao 'novo normal' e a universidade, através do conhecimento científico e de maneira responsável, coloca-se à disposição para ser parte da solução", concluiu a nota.

A reportagem solicitou o posicionamento da UFPA e do governo do Pará mediante a nota da Ufra. Até o início da noite desta quarta-feira, não houve resposta. Assim que houver, o texto será atualizado.

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