Tuberculose: mais de mil casos e 94 mortes são registrados no Pará só em 2025
Especialista explica formas de controle e prevenção da doença; confira
A tuberculose é uma doença infecciosa e bacteriana que atinge principalmente os pulmões e se transmite pelo ar, por meio da tosse. Entre janeiro e abril de 2025, o Pará registrou 1.144 casos e 94 mortes por tuberculose, conforme a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). Em 2024, foram 5.598 casos e 336 óbitos. Só em Belém, no mesmo período de 2025, houve 517 novos casos e 26 mortes atribuídas à doença, ainda sob investigação para confirmação da causa, segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Já em 2024 foram 1.896 casos e 125 mortes na capital paraense.
Na capital paraense, os bairros com maior número de mortes pela doença neste ano são Sacramenta, com 3 óbitos, seguido por Bengui e Jurunas, com 2 óbitos cada.
Ainda, as secretarias de saúde informaram que em 2023, o Pará registrou 5.084 casos de tuberculose e 318 mortes. Em Belém, foram contabilizados 1.605 casos e 183 óbitos no mesmo ano.
No Brasil, o combate à doença é uma prioridade. O país assumiu o compromisso de eliminar a tuberculose como problema de saúde pública até 2030 — cinco anos antes da meta global da Organização Mundial da Saúde (OMS). A meta é reduzir a incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e limitar os óbitos a menos de 230 por ano.
Doença tem tratamento pela saúde pública
O tratamento da tuberculose é gratuito e está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF) do Pará, sem necessidade de agendamento. O diagnóstico, a medicação e o acompanhamento são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com duração mínima de seis meses.
Em Belém, todas as UBS estão habilitadas a iniciar e acompanhar o tratamento, facilitando o acesso perto de casa. Em casos mais complexos, o paciente pode ser encaminhado ao Hospital Barros Barreto, na capital, ou à URE Ismael Araújo, em Santarém.
Para garantir a adesão e evitar o abandono do tratamento, a Belém adota a estratégia do Tratamento Diretamente Observado (TDO), em que profissionais de saúde acompanham a ingestão dos medicamentos.
Além disso, o Estado destacou que realiza ações educativas e de conscientização em feiras e escolas, e articula o acesso dos pacientes a direitos sociais.
Sintomas que merecem atenção
Segundo a pneumologista Lúcia Sales, qualquer sintoma respiratório prolongado deve ser investigado, especialmente a tosse com ou sem secreção que dura mais de duas semanas. Esse é um dos principais sinais da tuberculose e não pode ser negligenciado.
Diferente da gripe e da pneumonia, que costumam ter uma evolução mais rápida e sintomas intensos em poucos dias, a tuberculose é uma doença de progressão lenta. Os sinais podem se arrastar por semanas e acabam sendo confundidos com outras condições, como alergias respiratórias. Justamente por isso, muitas pessoas demoram a procurar atendimento médico.
Quem está mais vulnerável
A médica destaca que os extremos da vida – crianças pequenas e idosos – são naturalmente mais vulneráveis. No entanto, outros grupos também estão em risco, como pessoas em situação de rua, quem não tem alimentação adequada ou apresenta doenças que comprometem o sistema imunológico.
Pacientes com câncer, diabetes, que fazem diálise ou usam medicamentos imunossupressores integram essa lista. Ainda assim, qualquer pessoa pode desenvolver tuberculose, mesmo fora desses grupos.
Como é feito o diagnóstico
A maioria dos casos pode ser confirmada por meio de um exame simples de escarro, disponível na rede pública de saúde. Lúcia explica que o resultado costuma sair em até dois dias. Casos mais complexos podem exigir exames complementares, mas grande parte dos diagnósticos é feita a partir de exames clínicos, radiológicos e laboratoriais acessíveis nas unidades básicas.
Tratamento é gratuito e precisa ser completo
O tratamento da tuberculose é oferecido exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e tem duração média de seis meses. Existem possibilidades de esquemas mais longos ou, futuramente, mais curtos, mas atualmente o padrão utilizado é o tratamento sem interrupções por esse período.
"As medicações não são vendidas em farmácias, pois fazem parte de um protocolo controlado e custeado pelo Ministério da Saúde", explica.
A especialista alerta que o tratamento não deve ser interrompido sem orientação médica, mesmo que os sintomas desapareçam, já que isso pode causar resistência bacteriana. Nesse cenário, o número de comprimidos e o tempo de tratamento aumentam, além de elevar os riscos para quem convive com a pessoa contaminada.
Prevenção e diagnóstico precoce
Para evitar a transmissão, é essencial que pessoas com sintomas como tosse e secreção evitem tossir ou espirrar sem proteção. “A tosse precisa ser coberta com o braço ou um lenço, sempre que possível”, recomenda a pneumologista. Ela lembra que, ao iniciar o tratamento, o paciente deixa de transmitir a doença em poucos dias, por isso é fundamental o diagnóstico precoce.
Outros fatores de proteção incluem boa alimentação, prática de atividades físicas e higiene ao tossir. Ambientes com aglomeração, como presídios ou ocupações precárias, aumentam o risco de transmissão. A médica também chama atenção para o tabagismo, incluindo o uso de cigarros eletrônicos, como um agravante no risco de desenvolver tuberculose.
E a vacina?
A vacina BCG, aplicada ainda na maternidade, não previne a infecção pela tuberculose, mas reduz o risco de formas graves da doença em crianças. Por isso, continua sendo essencial. "A melhor forma de evitar a disseminação da tuberculose é o diagnóstico precoce, o uso de proteção ao tossir e a adesão correta ao tratamento", resume a médica.
Tuberculose: o que você precisa saber
Sintomas que merecem atenção
Tosse com ou sem secreção por mais de duas semanas
Cansaço, febre baixa, suor noturno e perda de peso
Quem está mais vulnerável
Crianças pequenas e idosos
Pessoas em situação de rua
Pacientes com câncer, diabetes, HIV ou baixa imunidade
Qualquer pessoa pode desenvolver a doença, mesmo fora dos grupos de risco
Como é feito o diagnóstico
Exame de escarro disponível gratuitamente no SUS
Resultado costuma sair em até dois dias
Tratamento gratuito e completo
Dura em média seis meses, sem interrupções
Medicamentos são fornecidos apenas pelo SUS
Interromper o tratamento pode causar resistência e agravar o quadro
Prevenção e cuidados
Cobrir a boca ao tossir ou espirrar
Manter boa alimentação, higiene e evitar aglomerações
Não fumar, inclusive cigarro eletrônico
Diagnóstico precoce reduz o risco de transmissão
E a vacina BCG?
Não evita a infecção, mas protege contra formas graves em crianças
Situação da tuberculose no Pará
Janeiro a abril de 2025
1.144 casos
94 mortes
Ano de 2024
5.598 casos
336 mortes
Ano de 2023
5.084 casos
318 mortes
Situação da tuberculose em Belém
Janeiro a abril de 2025
517 casos
26 mortes (em investigação para confirmação da causa)
Ano de 2024
1.896 casos
125 mortes
Ano de 2023
1.605 casos
183 mortes
Bairros com mais mortes em 2025
Sacramenta: 3 óbitos
Bengui: 2 óbitos
Jurunas: 2 óbitos