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Tradição dos papéis invertidos animam virgienses e cabraçurdos em Vigia

Folia da cidade do nordeste do Estado é símbolo do Carnaval paraense

João Thiago Dias

Bailarina, policial, mulher da seringa, diabinha, anjinho, boneca de ventríloquo, máscaras para proteção contra o novo Coronavírus, Coringa e até a jornalista Maju Coutinho. Vale se vestir quase de tudo no Carnaval do município de Vigia de Nazaré (PA), a maior manifestação carnavalesca de rua do Pará. De acordo com expectativa da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), cerca de 150 mil brincantes se reuniram, apenas nesta segunda-feira (24), no desfile dos blocos mais famosos do município.

O Bloco das Virgienses, onde homens se vestem de mulher, saiu por volta das 18h15, da esquina da avenida Marcionilo Alves com a Rua de Nazaré, local onde o bloco foi fundado há 35 anos. Foram duas voltas do bloco no corredor da folia e em outras ruas da cidade, acompanhado por dois trios elétricos. Para o coordenador das Virgienses, Pedro Palheta, cerca de 20 a 30 mil brincantes acompanham esta tradição.

"Esse nosso bloco representa alegria e virou um dos maiores símbolos do Carnaval do Pará. Tudo começou com um grupo de amigos que se reunia para brincar se vestindo de mulher. Agora é parte da cultura da nossa cidade. Vem gente de todos os lugares possíveis. E as fantasias ficam mais elaboradas a cada ano", comentou.

O grupo Los Mexicanos é formado por oito amigos homens que participam da folia em Vigia há 20 anos com fantasia padronizada. Neste ano, o tema foi Caçadoras de Alien para homenagear o avanço tecnológico e a chegada do homem à Lua. 

"Somos de Belém, Ananindeua e Benevides. Alugamos casa todo ano e passamos o Carnaval inteiro na cidade. Com roupa prateada remetendo a um Alien com antena, caluz, pedrarias, sapatilha e arma, gastamos R$ 250 cada um para preparar a fantasia, que representa a vontade de retirar a maldade e a feiura de Vigia. Fizemos até rifa para bancar tudo", disse o organizador do grupo, Jorge Lima.

Logo atrás das Virgienses, veio o Bloco Os Cabraçurdos, onde as mulheres se vestem de homem. Um trio elétrico acompanhou as brincantes para homengear o centenário do Luzeiro, clube mais antigo de Vigia. São 26 anos de bloco com uma história contada a partir da vontade de mostrar a autonomia do sexo feminino, conforme explicou a fundadora, Caludia Barbosa.

"Uma homenagem a esse clube antigo e tradicional da nossa cidade. Começamos há 26 anos o bloco para mostrar que a mulher não precisa ficar em casa enquanto os homens ficam se divertindo. Também temos esse momento de alegria. Na verdade, homens e mulheres acabam se misturando a fazendo uma grande festa popular", disse.

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