MENU

BUSCA

Simpósio na UFPA: Lei de Cotas ajudou muito a diversificar o público que frequenta as universidades

“Hoje em dia a gente tem muito mais estudantes de escola pública, estudantes negros, indígenas e de baixa renda nas universidades”, diz professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro; ela participou de estudo nacional sobre o tema

Dilson Pimentel

As cotas ajudaram muito a diversificar o público que frequenta as universidades. “Hoje em dia a gente tem muito mais estudantes de escola pública, estudantes negros, indígenas e de baixa renda nas universidades. Isso foi um avanço importante”, afirmou a professora doutora Rosana Heringer, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ela participou da realização de um estudo nacional sobre o tema, incluindo o estudo de caso em seis universidades federais, entre as quais a Universidade Federal do Pará (UFPA).

Reportagem publicada recentemente pela Redação Integrada mostrou que, só na UFPA, a maior universidade pública do Pará, e desde 2010, quase 50 mil ingressaram por meio do sistema de cotas

A Lei de Cotas, que completou dez anos em agosto deste ano, garante a reserva de 50% das matrículas por curso e turno nas universidades federais e institutos federais de educação, ciência e tecnologia a alunos oriundos integralmente do ensino médio público, em cursos regulares ou da educação de jovens e adultos. Os demais 50% das vagas permanecem para ampla concorrência.

VEJA MAIS

UFPA avançou muito, diz professora da UFRJ

Ela também falou sobre o estudo de caso feito na UFPA. “A UFPA avançou muito. Ela criou uma assessoria de diversidade, que é uma política importante justamente para acolher esses estudantes, como eu falei, que são os primeiros da família, estudantes indígenas, quilombolas. Então criou essa estrutura, vamos dizer assim, de atendimento. Porém, enfrenta as dificuldades que eu falei do ponto de vista financeiro, do ponto de vista acadêmico também”, afirmou.

Em relação à questão financeira, a professora disse que houve um corte no orçamento da assistência estudantil no Brasil nos últimos anos. “Isso vem lá desde o governo Temer e se agravou nesse último governo federal. Então, a gente precisa pensar que houve uma demanda maior, um crescimento da necessidade dessas políticas e, por outro lado, a gente teve uma redução de recursos", disse.

E acrescentou: "Então isso gerou uma crise muito grande em relação a como atender a essa demanda, que é a crescente. Sem contar, obviamente, a crise econômica que a gente vive e a situação da pandemia que trouxe outras necessidades”.

Objetivo do evento é basicamente discutir educação, diversidade e democracia

A professora Sônia Araújo é professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPA e está na coordenação do evento. “O objetivo do evento é basicamente discutir educação, diversidade e democracia”, disse.

“A gente realiza esse evento de dois em dois anos, é um evento do programa de pós-graduação, especificamente da linha educação, cultura e sociedade”, explicou.

E, durante a programação, são divulgadas as pesquisas dos estudantes e dos professores envolvidos com a temática da educação e da diversidade cultural.  Segundo a professora Sônia, um dos objetivos é compreender o avanço de práticas democráticas que favoreçam o exercício da cidadania.

“Porque a linha vem discutindo já há algum tempo não só a questão da diversidade cultural, que é o tema central da linha: diversidade cultural e educação. Dadas as circunstâncias às quais a gente esteve envolvido do ponto de vista político, com ameaças à democracia, então a gente passou a pensar em realizar neste ano de 2022 o evento discutindo a questão da diversidade cultural- educação no contexto de uma sociedade democrática".

Isso é importante, explicou, para justamente reforçar a importância e a necessidade da gente estar na universidade debatendo as condições históricas às quais a democracia esteve ameaçada nos últimos tempos.

E essa ameaça à democracia continua? “A gente acredita que, com a organização da sociedade civil, com a organização das entidades políticas, dos partidos políticos, da Justiça, vai avançar e superar esse momento de crise e de ameaça da democracia no país”

 

Pará