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Pará tem R$ 7,6 bi para Educação em 2024; investimento reforça sonhos de professores e alunos

No Dia Mundial da Educação, professor e estudante são exemplo de quem não desiste de lecionar e de quem não abre mão de aprender

Eduardo Rocha

No Dia Mundial da Educação, a transcorrer neste domingo (28), duas boas notícias: a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) anuncia que vai investir R$ 7,6 bilhões na rede pública estadual do Pará, ou seja, R$ 800 milhões a mais que os R$ 6,8 bilhões investidos em 2023, em um crescimento de 11.76%; a Semec investirá mais de R$ 635 milhões em Belém (PA) e ainda se tem o exemplo de quem não desiste de lecionar e de quem não abre mão de aprender. É o caso, respectivamente, do professor Tadeu Oliver, de 75 anos de idade, e a aluna Rosinalva Ferreira, de 60 anos.

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"O que me motiva a continuar na profissão é buscar que a gente saia desse patamar e formar docentes realmente capacitados para atender as necessidades dos alunos. A minha mãe era analfabeta, e disse que era para eu concluir o curso primário. Ela não sabia se eu estava estudando ou não. E hoje a situação é muito mais crítica, porque as mulheres e os maridos não ficam mais em casa, saem para trabalhar e não têm como acompanhar os filhos em casa. Então, aquilo que os alunos aprendem é só na escola, falando da escola pública. Muitas vezes, os pais não têm condições, conteúdo para trabalhar com as crianças. Em função da escola pública ter essa clientela, em muitos casos, a gente precisa formar melhor os professores, para que possam muitas vezes fazer o papel dos pais, da família, da escola", destaca Tadeu.

Muitos jovens estudantes não se mostram animados a atuar como professores, ou seja, a carreira docente não se mostra mais atrativa. Tadeu Oliver aponta como motivos para isso os baixos salários na profissão, ressalvando que agora o Governo do Estado aprimorou os vencimentos da categoria. Um outro motivo é a desvalorização social e profissional da carreira docente. As condições adversas do trabalho nas escolas, a violência nesses espaços, o desinteresse dos estudantes e o desrespeito deles com o professor são outros fatores para a desmotivação. O professor Tadeu constata que muitos pais, inclusive, não incentivam os filhos à docência. Outro fator é o excesso de alunos nas turmas.

Superação 

No sentido oposto aos entraves a muitos jovens nos estudos, o professor Tadeu Oliver ressalta que antes de ser professor mestre e doutor e até ter sido reitor da UFPA por um breve período, em 2020, antes da nomeação do atual mandatário da instituição, professor Emmanuel Tourinho, ele trabalhou como feirante. "E essa mudança de vida foi propiciada pela educação. Você pode ser um bom professor e fazer o seu papel, porque o professor é peça mais importante de todo esse processo. Eu tenho orientandos que foram meus alunos no ensino fundamental e que hoje são professores da Universidade", afirma Tadeu.

O futuro da educação pública no Brasil envolve, na avaliação de Tadeu Oliver, o acesso de crianças da periferia das cidades à educação infantil, à creche, onde, como ele frisa, começa a formação dos meninos e meninas. "A maioria dos alunos da escola pública não frequenta a creche, porque as creches que existem são insuficientes para atender à demanda", diz. "O segundo passo é que as universidades junto com as secretarias de Educação (Seduc) e do município possam fazer um trabalho conjunto na formação e prática de ensino por parte dos docentes".

Tadeu pontua que ser professor não é só dar aula, mas, sim, ter uma relação com os estudantes, saber das carências do aluno, "é valorizar o aluno". Saber das questões  Nesse sentido, ele levanta o questionamento acerca da eficâcia da educação a distância para a licenciatura. "Enquanto eu tiver condições físicas e mentais, não é nem a idade, eu vou continuar trabalhando nesse sentido, buscando melhorar a formação para melhorar a qualidade do ensino", finaliza.

Estudante que não desistiu

Aos 60 anos de idade, Rosinalva Saraiva Ferreira, está concluindo a 4ª etapa da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai) na Escola Municipal Professora Benvinda de França Messias, no bairro de São Brás, em Belém (PA). Essa aluna nasceu na cidade de Bacuri, no estado do Maranhão, mora no bairro da Terra Firme e atua como empregada doméstica. "Eu nunca tinha estudado antes, e, então, quando pude ter acesso à escola, resolvi estudar", relata Rosinalva. 

Ela conta que o pai trabalhava como agricultor e a mãe era dona de casa e ajudar o marido quebrando côcos. "Minha família era bem pobre, minha mãe tinha 14 filhos, sem condições de criar os filhos, e me deu para uma família. Quando eu estava nessa família, ajudava vendendo carvão na rua", revela a estudante. Na luta para sobreviver, Rosinalva veio para Belém e passou a trabalhar como empregada doméstica. Uma amiga dela a incentivou a estudar. 

"A minha amiga, Núbia, me incentivou a estudar, e hoje eu estou na 4ª etapa da Ejai e, para o ano, vou cursar o Ensino Médio", declara Rosinalva. Em 2019, ela passou a estudar, ingressando na Escola Benvinda de França Messias. Conta que quem muito a ajudou foi a professora Doracy Moraes de Souza, como alfabetizadora. 

Durante a pandemia da covid-19 em 2020 e 2021, Rosinalva não se afastou dos estudos, assistindo a aulas online. Sempre com o incentivo dos professores e colegas de escola. "Eu sempre quis ler e escrever, conhecer mais coisas, e, então, quando eu aprendi a ler e a escrever eu me senti muito feliz. Na casa onde eu trabalhava, a filha da patroa me incentivava, me ensinando o que eu não sabia nos estudos depois do almoço. Hoje, eu leio tudo e me sinto outra pessoa, orgulhosa do que eu conquistei", diz Rosinalva, acrescentando que gosta de ler livro, revista e jornal.

 

Semec anuncia investimento de mais de R$ 635 milhões nas escolas municipais públicas

A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semec), informa que ao longo deste ano de 2024 será aplicado o valor de R$ 635.171.610,11. O montante conta como investimento pessoal, de infraestrutura de toda a rede municipal de Educação e manutenção. Em 2023, o investimento teve o total de R$ 640.010.879,06.

A Semec possui vários métodos e ações destinados à alfabetização. Para isso, aderiu a participação no Alfabetiza Pará, ações de formação e acompanhamento da alfabetização em parceria com o governo do Estado. Além disso, assumiu o compromisso nacional Criança Alfabetizada do Governo Federal, potencializando ações formativas aos gestores, coordenadores e professores do ciclo de alfabetização e educação infantil.

Com o programa de formação da rede municipal de Educação de Belém, desenvolve ações formativas com foco na alfabetização e por meio do Programa Alfabetiza Belém, garante nos ciclos de formação, o desenvolvimento de formação aos professores que atenderão no contraturno crianças com dificuldades no processo de alfabetização e distorção idade ciclo.
 
A atual gestão também tem a preocupação de garantir o processo de alfabetização e de formação continuada de toda a rede municipal, por meio de programas, projetos e ações por meio das coordenações pedagógicas.

Educação Antirracista:- - A Coordenação da Educação para as Relações Étnico-Raciais (Coderer) atua por meio do projeto "Escolas Antirracistas em Belém" e a Cartilha Turma da Mariele. Os projetos têm como objetivo reforçar e ampliar os processos formativos da educação e garante suporte ao desenvolvimento de práticas antirracistas na rede municipal de ensino.

Movimento Alfabetiza Belém - É um programa que tem a meta de tornar Belém livre do analfabetismo, instituindo turmas de educação de jovens, adultos e idosos (Ejai) na rede municipal de ensino, em parceria com movimentos sociais. Até 2023, mais de mil pessoas já foram alfabetizadas e certificadas.

Formação Continuada - Projeto Esperançar - Em parceria com a UFPA e outras universidades do país, o Projeto Esperançar atua na formação docente: construindo escolas humanizadoras para 500 professores, coordenadores e gestores de 21 escolas da rede municipal.

Programa Belém Sustentável, Cidade e Educada - Programa executado em parceria com a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) sobre Educação Ambiental, em funcionamento em 10 escolas da rede municipal.

O projeto “Escola em tempo integral” é mais um compromisso de campanha do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues,  em andamento. A Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental (Emeif) Satélite é a primeira unidade da rede municipal de ensino a ter a experiência da escola nesta modalidade.

A Emeif Satélite passou por reforma e revitalização, e na solenidade de entrega foi renomeada como EMEIF Padre Bruno Sechi, em homenagem ao educador popular. A Unidade garante aos estudantes formação nos campos das ciências, das artes, da cultura e do mundo do trabalho, tornando a escola um dos pontos de partida para a superação de desigualdades sociais.

Projeto “Escola em tempo integral” -  Com currículo diversificado e integrado, mantém Ateliê de Artes; aulas de capoeira; Sala de Expressão Corporal para aulas de dança, ritmos e arte circense; práticas ambientalmente sustentáveis; Brinquedoteca; Anfiteatro; Laboratório de Informática; Biblioteca; Sala de Recursos Multifuncionais; e infocentro para a comunidade.

Reinauguração do Palacete Pinho - Com a entrega do Palacete para a comunidade de Belém, o espaço abriga o Núcleo de Artes, Cultura e Educação (Nace), que desenvolve a Escola Municipal de Artes, onde os estudantes das escolas municipais de Belém terão a oportunidade de aprender música, teatro, dança, cinema e as mais diversas e plurais manifestações artísticas.

"Além da escola piloto, a rede municipal conta com um total de 919 turmas da Educação Infantil ofertadas no município, 264 são de tempo integral em creche (0 a 3 anos) e pré-escola (4 e 5 anos). E das 19.643 crianças matriculadas na Educação Infantil, sete mil estão em turmas de tempo integral. A Semec reforça o compromisso por uma educação pública de qualidade e socialmente referenciada em todos os territórios de nossa cidade", repassa a Secretaria Municipal de Educação de Belém.

(COM COLABORAÇÃO DE MAIZA SANTOS)

Pará