Rompimento da PA-252: moradores contam os estragos do alagamento que partiu rodovia e inundou casas
Na manhã de segunda, 27, a rodovia se rompeu e casas ficaram tomadas pelas águas do igarapé Traquateua após fortes chuvas que caíram na região
Na manhã de segunda, 27, a rodovia se rompeu e casas ficaram tomadas pelas águas do igarapé Traquateua após fortes chuvas que caíram na região
Na manhã desta terça-feira (28), um dia após a enchente que alagou casas e fez com que um trecho da PA-252, que liga os municípios de Moju e Acará, no nordeste do estado, cedesse, o trânsito na rodovia permanece interditado e os moradores das áreas atingidas contabilizam as perdas, conforme observa a equipe de reportagem de O Liberal no local do acidente.
O desastre começou na madrugada de ontem, por volta de 4h30, quando o nível do igarapé Traquateua começou a subir devido às fortes chuvas. A dona de casa Mônica Corrêa, moradora da Vila São Sebastião, bem próximo ao local onde o asfalto cedeu abrindo uma imensa cratera na rodovia, comenta que as águas nunca tinham subido tanto, a ponto de atingirem o telhado de sua casa:
"Encheu tudo, até o teto de água. Estava eu e meu marido na hora, foi um desespero para tentar tirar as coisas, mas a gente não conseguiu tirar nada. Meu guarda-roupa, minha geladeira - tudo foi pro fundo. Eu acho que só a partir das 9h que esvaziou".
Teria sido justamente por volta deste horário que o pavimento da PA-252 não resistiu à pressão da enchente do igarapé e partiu ao meio, próximo ao KM 40, interditando totalmente o trânsito na rodovia. Apesar do estrago à estrutura e do transtorno para os condutores de veículos, Mônica comenta que foi graças ao rompimento na via que o nível da água baixou mais rápido na vila.
"Para nós aqui, com o rompimento da pista, foi até bom, porque a água escoou e secou mais rápido, senão a gente ainda estava no fundo. Ela estava secando, mas muito lentamente. Já tinha enchido antes, mas não nessa proporção, de chegar até o telhado das casas. Não dá para morar aqui por enquanto, eu estou ficando na casa da minha mãe".
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Os alagamentos na PA-252 e na Vila São Sebastião não são eventos incomuns, como relata a agricultora Arlene Moraes, de 41 anos. No entanto, ela ressalta que ainda não tinha presenciado uma situação como essa, do rompimento da pista.
"Ontem, com o alagamento causado pela chuva, apareceu uma pequena cratera ali daquele lado que tinha rompido e a gente logo imaginou: 'vai arriar tudo'. Já tinha rompido uma parte, mas por volta de 9h foi que rompeu tudo. Foi caindo, caindo e ficou nessa largura que está. A tendência é cair mais", comenta.
Arlene conta que, antes do desabamento, um caminhão-baú estava prestes a passar pelo trecho. O motorista chegou a ser alertado pelos moradores sobre o risco, mas, decidiu ignorar e seguir adiante. A poucos metros do ponto onde a pista desabou, ele ainda pôde presenciar o acidente. "Uns dois segundos antes de cair, passou um caminhão baú e, quando ele chegou bem ali perto daquela placa, caiu tudo", diz Arlene.
Arlene conta que desde a época da construção da PA-252 os moradores do local já haviam alertado o governo que a obra poderia trazer problemas. "Quando eles [técnicos do governo] chegaram aqui na comunidade, a gente disse que não tinha como eles fazerem esse trabalho aqui, que era pra ser uma ponte, porque a gente sabe como é o fluxo de água que vem do igarapé. Não é a primeira vez que dá enchente, já é a quarta vez. Só esse ano, foram duas: essa e uma outra em fevereiro".
A agricultora comenta que, até o momento, nenhum órgão municipal ou estadual iniciou qualquer tipo de reparo no local. Apenas a polícia esteve na área na última segunda-feira (27). Ela lamenta que o acidente tenha acontecido e diz que o igarapé ainda é muito útil para a comunidade: "Os moradores utilizam esse igarapé pra tudo. O pessoal que faz farinha, coloca mandioca na água. O povo ainda recorre à pesca para comer e, além disso, a gente usa para tomar banho e lavar roupa. Só que, com o impacto dessa obra (estrada), a mais prejudicada sou eu", diz.