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Projeto garante tratamento e rede de apoio à pessoas com Transtorno do Espectro Autista

Projeto promove o desenvolvimento motor, avaliativo e de intervenção voltados a atividades físicas e fisioterapêuticas

Igor Wilson

O físico e o mental estão estritamente ligados. No caso do autismo, a relação entre as atividades físicas e o desenvolvimento da linguagem são profundas. Nos últimos anos, uma série de pesquisas e estudos publicados tentam comprovar a conexão entre os dois campos no tratamento para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

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“Começamos a identificar muitos estudos a partir de 2021, sobre o papel da fisioterapia no TEA. Eles mostram a importância da atividade física no controle motor e para o desenvolvimento de outros campos, como a linguagem. Não é uma simples corridinha com obstáculo, é muito mais que isso, é o desenvolvimento da interação social, do equilíbrio, do foco, da concentração, é o desenvolvimento da parte motora e da linguagem, que ficam em locais próximos no encéfalo, uma estimula a outra. Tem estudos que mostram que as pessoas com TEA que fazem atividades físicas estimulam essas partes”, diz a fisioterapeuta Ynari Mota, coordenadora do CER II.

Como fazer parte do 'TEAApoiar' 

O CER II trabalha com serviços interdisciplinares. Para as pessoas com TEA, o começo do caminho é no Departamento de Atenção Primária, onde existem profissionais que acompanham a criança, as vezes até durante a gestação, identificando atrasos no neurodesenvolvimento e encaminhando para um neuropediatra. O profissional fecha o diagnóstico e encaminha para equipe de fisioterapeutas iniciar o processo de reabilitação.

Além das atividades de fisioterapia, as pessoas com TEA tem terapias ocupacionais, fonoaudiólogo e psicólogo. “Criamos o projeto de atividade física adaptada em fevereiro, com 4 pessoas, para fazer com que a população enxergue os ganhos que a pessoa com TEA vem a ter quando o trabalho é desenvolvido de forma interdisciplinar, quando a pessoa com TEA começa a ser atendida por outras áreas que antes não eram vostas como ferramenta de reabilitação”, diz Ynari.

O projeto trabalha a partir de cada paciente, onde é desenvolvido um plano de atividades específicos que consideram escalas e atraso do desenvolvimento motor a partir de testes motores validados e aplicados na população com TEA. Os planos compreendem dois tipos de atividades: as de reabilitação, como movimentos descoordenadores e de marcha, e de socialização, como jogos e brincadeiras. “Os pacientes realizam a reabilitação duas vezes por semana, segunda e quarta, ou terça e quinta. Começamos o piloto do projeto no início de fevereiro, com quatro pacientes fazendo essa dinâmica. Foi meio difícil no começo, mas hoje conseguimos perceber o quanto eles tiveram de avanço na socialização, no foco. Conseguem trocar a comunicação entre eles”, conta a fisioterapeuta.

Para as famílias que tenham interesse em conhecer e participar do projeto, o serviço é oferecido através do Sistema Único de Saúde (SUS), via encaminhamento após diagnóstico. O crescimento do número de pacientes já faz com que os organizadores do ‘TEA Apoiar’ busquem um novo espaço para atender as crianças e adolescentes. “Estamos tentando fechar parceria com uma grande empresa, para liberação da quadra deles. A empresa fica ao lado do nosso centro e tem mais espaço. Tomara que consigamos, seria mais uma vitória”, diz Ynari.

O que é a TEA? 

O Transtorno do Espectro Autista refere-se a condições de saúde que englobam perturbações do desenvolvimento neurológico que envolvem habilidades socioemocionais, atenção compartilhada e linguagem. Existe tratamento acompanhado por especialistas de diversas áreas da saúde, como médicos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, além dos fisioterapeutas e profissionais de educação física.

As atividades de fisioterapia são importantes no caso de Transtorno Espectro Autista, principalmente na idade escolar, período em que se pode notar crianças apáticas, com pouco interesse pelos movimentos, posturas viciosas (que podem favorecer a instalação da escoliose na adolescência) e dificuldade em iniciar um movimento ou, pelo contrário, hiperativas, mas sem interesse concreto por objetos ou pessoas.

As atividades devem ser realizadas diariamente, a fim de que a criança alcance mais rapidamente os objetivos esperados no seu desenvolvimento. Cerca de 1 ou 2 vezes por semana é recomendado que as atividades sejam realizadas, com a supervisão de fisioterapeuta e nos outros dias da semana podem ser realizados em casa.

“Nós vemos que as condições de uma pessoa com TEA podem melhorar muito com o exercício de atividades adequadas, como as oferecidas pelo nosso projeto, dando mais qualidade de vida à pessoa com autismo e sua família”, diz Ynari.

Pará