CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Projeto da Ufra garante água potável a comunidade ribeirinha

Quinze famílias da comunidade Furo Grande, na Ilha das Onças, foram beneficiadas com captação da água da chuva

Dilson Pimentel
fonte

Quinze famílias da comunidade do Furo Grande, na Ilha da Onças, no município de Barcarena, estão sendo beneficiadas com uma tecnologia social que garante acesso à água totalmente potável a partir da captação da água da chuva. Esse é o novo resultado do projeto “Segurança Hídrica e Saneamento na região insular de Belém”, coordenado pela pesquisadora Vania Neu, docente da Universidade Federal Rural da Amazônia.

Desenvolvido no Laboratório de Hidrobiogeoquímica da UFRA, o projeto foi pensado na saúde das populações ribeirinhas, especialmente as que residem no meio rural. “A Amazônia é a região com a maior disponibilidade de água do mundo e, até hoje, sofre com uma série de doenças de veiculação hídrica. E grande parte dessas doenças, resultam da falta de água potável”, disse a pesquisadora.

A comunidade do Furo Grande, na Ilha da Onças, município de Barcarena, fica a cerca de 30 minutos da capital paraense. “São quinze famílias beneficiadas diretamente  com o sistema. No campo, essa tecnologia vem sendo desenvolvida e aprimorada desde 2012. Todo o sistema funciona sem a necessidade do uso de bombas d’água e da energia elétrica, a água chega até a cozinha por meio da gravidade”, explicou. Uma das dificuldades da equipe do projeto era garantir a potabilidade total dessa água coletada. “Até pouco tempo, a água captada era muito melhor do que a água do rio, mas ainda faltava melhorar”, contou Vania Neu. Com a pandemia e a necessidade de trabalhar em casa, a pesquisadora implantou um sistema na própria residência.

Durante a pandemia, e com acesso à água potável, moradores não se deslocaram para Belém

Chuva após chuva, o sistema foi sendo estudado e testado, a fim de se chegar ao melhor sistema, ao menor custo. “Foram muitos dias, muitos materiais e testes, até chegar ao que considero o ideal, um sistema que fornece água 100% potável, excluindo todo tipo de contaminação. Nosso objetivo sempre foi conseguir água de qualidade, ou seja, potável e finalmente conseguimos”, explicou.

Durante a pandemia e com acesso à água potável, muitos moradores da ilha não tiveram a necessidade de se deslocar até Belém, evitando o contato com pessoas de fora da ilha. “É emocionante ver a solidariedade entre os vizinhos, as famílias que hoje tem água da chuva e que agora doam água para as que ainda não possuem o sistema”, disse. Com a nova descoberta, em agosto de 2020, três sistemas já receberam as adaptações em campo, na Ilha das Onças, todos com resultados positivos. A meta agora é conseguir fazer o mesmo nas demais residências. “Para implantar esta nova adaptação, são necessários apenas R$ 220 por sistema - ou seja, R$ 2.640,00 para que todas as quinze famílias possam ter este sistema, totalmente seguro”, afirma.

Outro resultado do projeto é a parceria com o Instituto Evandro Chagas, que vai iniciar a avaliação da saúde da população da ilha, examinando os moradores que atualmente possuem as tecnologias implantadas pela comunidade, comparando com os que não têm. “Nós sempre ouvimos dos moradores que os problemas de saúde reduziram após a implantação dos sistemas de captação de água de chuva e dos banheiros ecológicos, mas não temos ainda dados clínicos e científicos sobre o assunto. Com a parceria, em breve teremos essas informações”, diz a pesquisadora.

Outra tecnologia social também desenvolvida e replicada é o banheiro ecológico ribeirinho

Desde 2012 a equipe do projeto realiza várias ações na Ilha das Onças, entre elas outra tecnologia social também desenvolvida e replicada é o banheiro ecológico ribeirinho (BER),  tecnologia desenvolvida para áreas sujeitas a inundações seja por influência da maré, ou pela variação sazonal do rio. Se antes os dejetos iam direto para o rio ou contaminavam o solo, com a instalação do BER, este material é depositado em um reservatório.

Com a adição de serragem e cal virgem, o material se transforma em adubo orgânico por meio da compostagem.  Na avaliação feita por pesquisadores do Instituto Evandro Chagas foi detectado que esse composto orgânico não tem patógenos, ou seja, não causa doenças, podendo ser utilizado na agricultura”, diz a pesquisadora.

O  BER é uma tecnologia social certificada pela Fundação Banco do Brasil e pode ser replicada em qualquer lugar do mundo. “Melhorar a qualidade de vida das comunidades ribeirinhas não é difícil, basta desenvolver e implanta tecnologias adequadas para a realidade local”. Nesse sentido as tecnologias sociais desenvolvidas e implantadas são ideais, pelo baixo custo, desenvolvidas para a realidade local.

 

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Pará
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM PARÁ

MAIS LIDAS EM PARÁ