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Profissionais da saúde de Ananindeua enumeram lista de motivos para continuar em greve

Até o início da greve existiam salários atrasados de outubro e novembro, além de dezembro. Segundo os profissionais, a empresa responsável pelos pagamentos oculta informações sobre os repasses da prefeitura, não justificando o motivo dos atrasos. Casos de assédio moral também são denunciados.

Igor Wilson

Assédio moral, atraso de salários, falta de insumos e remédios básicos para atendimentos, estruturas precárias e falta de segurança em várias unidades, número de profissionais insuficiente para atender a uma alta demanda de pessoas, que deve aumentar com o período de festas de final de ano. Essa é a conjuntura da saúde municipal de Ananindeua denunciada pelos seus próprios médicos, que anunciaram uma greve no serviço municipal desde o último dia 15. No início da semana os profissionais voltaram a atender casos considerados graves.

De acordo com os profissionais, não existe um motivo para greve. Existem vários. A gota d’água que fez transbordar a paciência dos médicos foi o atraso no pagamento dos salários pela empresa Health & Care Consultoria, contratada pela prefeitura de Ananindeua para gerir as unidades municipais de Saúde. Até o início da greve, ainda existiam salários atrasados de outubro e novembro, além de dezembro. Segundo os profissionais da medicina, a empresa oculta informações sobre os repasses da prefeitura, não justificando o motivo dos atrasos.

“Fizemos uma reunião no sindicato dos médicos na terça passada, sem acordo por que eles queriam pagar os plantões referentes a outubro somente dia 30 de dezembro, quando deveriam pagar no dia 10. O proprietário da empresa tenta ocultar informações sobre se os repasses da prefeitura estão em dia, ou se existe outro motivo para atrasarem os salários. Fizeram uma proposta, mas foi para estender o prazo de pagamento, de 40 para 60 dias, algo que não aceitamos. Além disso, o que já convivemos no dia a dia, a falta de tudo, os assédios morais praticados por quem é protegido da prefeitura”, disse um médico de uma Unidade de Pronto Atendimento de Ananindeua que pediu anonimato por receio de retaliações.

Assédio Moral

Outra denúncia do grupo de médicos tem relação direta com Suzi Baía, atual diretora da Unidade de Pronto Atendimento da Cidade Nova. Considerada uma forte aliada do prefeito Daniel Santos, Suzi foi denunciada por vários trabalhadores das unidades aonde atuou na fiscalização do serviço médico. Segundo as denúncias, Suzi persegue diversos profissionais da medicina, criando um clima de ódio no ambiente de trabalho. Gritos, xingamentos, ameaças, coação de servidores. Ao menos oito boletins de ocorrência foram registrados por médicos contra a atual diretora da UPA da Cidade Nova.

“A Suzi tem um método de trabalho onde persegue os médicos das unidades onde atua. Ela com certeza tem apadrinhação de alguém importante, que a autoriza a fazer coisas como gritar com médicos, chamar policiais para retirar médicos de seu local de trabalho, orientar que os médicos mandem para casa pacientes graves ou evitem dar medicações necessárias. Ela ainda deixa enfermeiros supervisionando se as ordens dela estão sendo cumpridas. Muitos médicos que trabalharam com ela hoje sofrem com problemas como ansiedade, depressão, precisam de medicamentos para dormir, o clima é pesado”, diz ao O Liberal Ananindeua um médico, que pediu para ter sua identidade preservada.

O médico se refere a um caso ocorrido no início de novembro, quando se recusou a enviar um paciente grave para casa. Segundo o trabalhador, uma chefe de enfermagem o abordou, lembrando que a determinação de Suzi era para emitir alta médica para pacientes. Áudios comprovam a discussão entre os profissionais e logo depois o médico é chamado para sala de Suzi.

Um dos áudios mostra a responsável pela área de enfermagem, não identificada, informando ao médico que não haveria local para dar entrada de paciente em internação. "Ela me destratou, e quando viu que não daria alta começou a gritar e também me empurrar, me acusando falsamente de desrespeitar as enfermeiras, o que nunca ocorrera, todos sabem da minha conduta", relata.

"É uma situação delicada, assusta o fato de não saber do que ela é capaz. Eu mesmo ofereci comprar um detector de metal portátil para fornecer à Upa do Icuí, só pedi para nossa diretora que certificasse se uso desse instrumento é legal, visto que não temos um efetivo policial suficiente para cobrir todas as unidades de urgências de Ananindeua 24 horas. Mas estamos com medo em relação à nossa integridade física. Estou procurando outras escalas em outros municípios para abandonar Ananindeua em breve”, diz mais uma fonte médica que pediu anonimato.

Uma comissão de profissionais levou as denúncias até o Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) na semana passada e anunciou uma paralisação por tempo indeterminado. Os profissionais estão atendendo somente a casos de urgência. O sindicato se manifestou a favor dos profissionais. Segundo o Sindimepa, se as denúncias forem comprovadas, a gestora viola diversos dispositivos do Código de Ética Médica e deve ser exonerada.

"A liberação de um paciente com indicação de internação, por um lado, enseja, para o médico, risco de responsabilização ético-profissional, cível e criminal; e por outro, constitui conduta irresponsável, que põe em risco a segurança e mesmo a vida do paciente”, disse o assessor jurídico do Sindmepa, Yúdice Andrade.

O que diz a Secretaria Municipal de Saúde  

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou à reportagem que os atendimentos nas Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Urgências e Emergências estão acontecendo normalmente e que o pagamento com a empresa Health & Care Consultoria está em dia. O órgão não respondeu sobre as denúncias contra Suzi Baía. Uma das exigências dos médicos para voltar ao atendimento normal nas unidades é a exoneração da profissional. Enquanto os profissionais alegam greve devido a falta de salário, insumos básicos, estruturas precárias e perseguição, a prefeitura diz que está tudo dentro da normalidade no serviço de Saúde. Em quem acreditar?

Motivos que levaram à greve dos médicos do serviço público em Ananindeua:

1. Assédio moral - Caso Suzi Baia

2. Irresolutividade de fluxo de pacientes

3. Falta de insumos

4. Problemas de estrutura

5. Alta demanda para poucos médicos

6. Falta de segurança

7. Falta de coordenação clínica eleita adequadamente pelo corpo clínico

8.Retaliacão devido ao movimento grevista

9. Pagamentos atrasados. Incluindo as especialidades

10. Não aceitaremos a mudança de data dos pagamentos para 60 dias, deverá se manter no dia 10.

11. Retaliação com dois colegas que perderam suas escalas, queremos que eles as recuperem

12. Não cumprimento dos acordos de pagamento e trabalho com as especialidades do CAPSi

Pará