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Primeiro transplante de fígado é realizado em hospital público do Pará

Ana Gabriela Mesquita Alves, 42 anos, estava inscrita na fila de transplante de fígado do Estado há três meses, e graças ao gesto solidário de um casal, que autorizou a retirada dos órgãos da filha de 14 anos, que faleceu devido a um AVE, agora Ana vai poder recuperar a saúde

O Liberal

Ana Gabriela Mesquita Alves, 42 anos, passou pelo primeiro transplante de fígado em hospital da rede pública estadual do Pará, feito 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O órgão foi implantado na paciente, que tinha o diagnóstico de hepatite autoimune. Nos últimos cinco anos, ela desenvolveu cirrose hepática, doença incurável, e só um transplante poderia salvar sua vida. Ana estava inscrita na fila de transplante de fígado do Estado há três meses, e graças ao gesto solidário de um casal, que autorizou a retirada dos órgãos da filha de 14 anos, que faleceu devido a um acidente vascular encefálico (AVE), agora Ana vai poder recuperar a saúde.

O caso foi divulgado, na tarde desta segunda-feira (6), pelo governo do Estado, durante entrevista coletiva. O transplante, que ocorreu no último dia 26 de fevereiro, foi viabilizado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Central Estadual de Transplantes (CET), e realizado na Santa Casa de Misericórdia do Pará, em Belém. De acordo com a Sespa, a logística para trazer o fígado doado até o cirurgião que operou Ana Gabriela durou mais de 10 horas, e começou na noite de sábado (25), quando a equipe da CET foi acionada para confirmar a viabilidade do órgão para a paciente de Belém. Depois da confirmação da compatibilidade, a equipe entrou em ação, considerando que é responsabilidade exclusiva deste setor da Sespa entregar o órgão nas mãos da equipe autorizada para realizar o transplante.

A biomédica Ierecê Miranda, especialista em Doação, Captação e Transplante de órgãos pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, que há quatro anos está à frente da Coordenação Estadual de Transplantes do Pará, informou que “a partir do aceite do órgão e da confirmação do horário da captação, a equipe da CET começou uma verdadeira corrida contra o tempo, pois diferente do rim que tem até 36 horas para ser implantado no receptor após a sua retirada do doador, o tempo do fígado é de apenas 12 horas. Nós recebemos o órgão dos pilotos da FAB na Base Aérea, às 10h10, do dia 26 de fevereiro, e o entregamos às 10h33 para a equipe de transplante no bloco cirúrgico da Santa Casa, local onde a receptora já se encontrava preparada para receber o órgão”.

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Políticas públicas

No dia 18 de abril de 2022 foi publicada no Diário Oficial da União a Portaria 134, que autoriza a Fundação Santa Casa do Pará a realizar a retirada e transplante de fígado pelo SUS. O Hospital tem capacidade instalada para realizar pelo menos um transplante por semana. Atualmente, há uma fila de seis pacientes ativos e mais de 20 no processo final de avaliação.

Bruno Mendes Carmona, presidente da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, disse que desde 2019 já havia uma demanda do governo do Estado, via Sespa, como definição de política de saúde pública, para que a Santa Casa fosse referência em transplante hepático. 

“Desde 2019 o governo do Estado vem fazendo investimentos na Santa Casa, e isso nos permitiu a criação de mais 11 leitos de enfermaria para atendimento hepático. Além disso, nós equipamos o Hospital com aparelhos técnico-hospitalares e de laboratório. Com a implantação do transplante de fígado no Estado, nós passamos a não ter mais a necessidade de mandar os pacientes para realizar seus tratamentos fora de seus domicílios em outros Estados. Dessa forma, nós iremos conseguir tratar todas as doenças desse paciente do início até o momento do transplante”, complementou Bruno Carmona.

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