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Poliomielite: Pará já atingiu 67% de cobertura vacinal, mas risco da doença ainda é ‘muito alto’

Índice vacinal abaixo da meta de 95% de imunização abre possibilidade de retorno dos casos

Camila Guimarães

O índice de cobertura vacinal contra a poliomielite cresceu no Pará desde o último ‘Dia D’ da campanha de vacinação contra a doença, ocorrido em 22 de outubro deste ano. Segundo o último levantamento da Secretaria de Estado da Saúde do Pará (Sespa), contabilizado até o dia 31 daquele mês, o crescimento foi de cerca de 20%, atingindo a marca de 67,79% das crianças de 1 a menores de 5 anos vacinadas. Ainda assim, o Pará é classificado como em risco ‘muito alto’ para o retorno da pólio, uma vez que a meta de imunização é de 95%.

Dados mais recentes de cobertura vacinal (de novembro em diante) ainda não foram totalmente contabilizados pelo Estado, que aguarda o repasse de informações dos municípios, porém, mesmo diante do último parâmetro, o risco de retorno da doença – que ainda é considerada erradicada no Pará, assim como no restante do Brasil –, é considerado grande, conforme aponta a enfermeira e técnica do Grupo Técnico das Paralisias Flácidas Agudas e Poliomielite da Sespa, Bárbara Gadelha.

“O Pará está em risco muito alto de reintrodução da poliomielite. A gente tem essa noção porque a gente já realizou a matriz dessa variação do risco, considerando também a cobertura vacinal que está baixa no momento, e ainda não é o desejado, mas a gente está avançando aos poucos”, avalia.

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Conscientização dos responsáveis é fundamental

Bárbara ressalta que, como se trata de uma imunização infantil, é imprescindível a conscientização dos pais e responsáveis para o sucesso de qualquer campanha. Ela alerta que a poliomielite é uma das principais causas de paralisia infantil, sequela irreversível, mas que pode ser prevenida seguindo a caderneta vacinal da criança e indo aos postos de saúde para checar se o esquema vacinal está em dia.

Ainda segundo o balanço fechado até 31 de outubro, o Pará estava abaixo da meta em cobertura vacinal em todas as faixas etárias que podem se imunizar contra a poliomielite: apenas 75% das crianças até um ano haviam sido vacinadas; 61% das crianças até dois anos; até três anos, 63% de público e, até quatro anos, 72%. Bárbara reforça as formas de vacinação em todas essas idades:

“A vacinação contra a poliomielite é feita em duas etapas: a injetável, que é a VIP, voltada para crianças de dois, quatro e seis meses e o acompanhamento com a vacina em gota, que deve ser ministrada aos 15 meses e aos quatro anos de idade”.

 

Todo caso de paralisia precisa ser investigado

A enfermeira da Sespa também comenta sobre um caso suspeito de poliomielite no Pará que foi mencionado pelo ministro da saúde, Marcelo Queiroga, em uma entrevista no mês passado. Bárbara Gadelha destaca que o caso não foi confirmado para poliomielite, mas se tratava de outro tipo de Paralisia Flácida Aguda - PFA.

“A PFA é toda a paralisia em menores de 15 anos de idade que evolui em até três dias. Por exemplo, a criança está normal hoje, mas, a partir de amanhã ela começa a sentir uma dor na perna, no outro dia ela começa a ficar com o membro flácido e depois ela perde o movimento desse membro. Ela pode ser causada por poliomielite, mas também pode outras doenças, por isso é importante o diagnóstico dessas paralisias”, explica a especialista.

Bárbara orienta que qualquer paciente menor de 15 anos que apresente paralisia em algum membro busque a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para que seja encaminhado a um hospital, onde deve ser internado e dado início ao processo de investigação da doença. Ela informa que o exame é realizado por meio da coleta de fezes e precisa ser feito em 14 dias desde a deficiência motora.

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