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Pesquisadores organizam sistema de alerta de desastres

Novo sistema substituiria e ampliaria o que já era feito com um acordo de cooperação com a Sudam, que chegou ao fim

Victor Furtado / O Liberal
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Após 10 anos, o convênio para um sistema de monitoramento e alerta de desastres na região amazônica acabou. Era uma parceria da Universidade Federal do Pará (UFPA) com o Governo do Estado e a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Com isso, a capacidade de prevenção de desastres e de resposta a eventos trágicos ficou limitada. Por isso, um grupo de pesquisadores está tentando formar um novo sistema de prognósticos de riscos e alerta. A proposta está sendo estudada para ser encaminhada aos governos estadual e federal.

Historicamente, em todo o Brasil, não há cultura de prevenção de problemas e desastres. A análise é do professor doutor João Batista Miranda Ribeiro, do Instituto de Geociências da UFPA. Para ele, a capacidade de prognóstico de riscos de acidentes diversos é muito baixa. Geralmente, os governos estaduais e federais costumam agir para remediar problemas que já ocorreram. Muitas vezes, as ações de resposta acabam sendo lentas, caras, difíceis e até mesmo pouco efetivas.

Na Amazônia, o clima, a geografia e a ação humana são fatores de risco permanente, pontua João Batista. Quando não há chuvas intensas e elevação do nível das águas, há estiagens prolongadas, queimadas, desmatamento e poluição. A atividade industrial costuma causar impactos diversos, como o setor mineral e o grande agronegócio.

Enquanto o convênio com a Sudam estava ativo, constantemente eram gerados boletins informativos sobre riscos diversos em bacias hidrográficas no Pará, Maranhão, Rio Branco e Amazonas. Os dados abasteciam não só a Academia, mas também as defesas civis. Ainda assim, várias situações ocorreram sem qualquer antecipação.

"Com o final do convênio, começamos a montar uma nova proposta para o Governo do Estado e o Governo Federal, a partir de um workshop. As discussões desse evento foram o início de debates maiores, que serão feitos no terceiro Congresso Brasileiro de Redução de Riscos e Desastres, que será em Belém, neste ano, em setembro", diz João Batista.

Dentre as discussões do congresso, alguns temas se tornaram focos: a engenharia de barragens, a engenharia de pontes, o direito, climatologia e gestão de crises. Todos os temas passam por ações multidisciplinares.

Mas essa falta de planejamento e preparo para riscos não é uma exclusividade da região amazônica, ressalta o professor. A cidade do Rio de Janeiro, assim como Belém, sofre historicamente com alagamentos. Até hoje, soluções de longo prazo ou nunca foram tomadas ou estão levando muito mais tempo do que deveriam para ser concluídas.

Neste ano, outras cidades paraenses, além da capital, tiveram problemas com enchentes, como Paragominas e São Domingos do Capim. Problemas que se repetem a cada ano e sem soluções a contento. Os vazamentos de efluentes de setor mineral, em Barcarena, ocorrem com frequência e a população continua sofrendo. Pela segunda vez, uma ponte da Alça Viária cai por conta de um acidente com embarcações, praticamente da mesma forma que ocorreu da primeira vez.

"Falta monitoramento, fiscalização e prevenção. Infelizmente, essa cultura de prevenção ainda está sendo construída no Brasil, mas muito lentamente. E o que temos hoje nesse sentido, não está aglutinado. Cada órgão faz um serviço e não há sinergia entre todas as ações. A UFPA representa o Norte e Nordeste em termos de pós-graduação em gestão de riscos e desastres. Mas falta esse contato, essa integração. O Pará tem ferramentas, dados, informações e precisa se preparar não só para mitigação de problemas", reforça o professor.

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