Paraense que estuda na China relata rotina no País mediante o novo coronavírus
Paloma Carvalho (26), que mora em Belém, mas estuda na província de Shandong, destaca que há o sentimento de amparo e segurança mediante as medidas do governo chinês
"O novo coronavírus está deixando muitas pessoas confinadas dentro de casa. O caso, que a princípio era tranquilo, está tomando uma outra proporção. Mas o governo chinês está tomando as devidas providências. Nós, que somos estudantes estrangeiros, estamos sob a proteção da universidade. Eles desinfectam todos os dias". Esse foi um dos relatos da designer paraense Paloma Carvalho, de 26 anos, que mora em Belém, mas está vivendo na China desde setembro de 2019, por conta de um curso de idiomas com duração de um ano na Universidade de Shandong, província na costa leste do País, a aproximadamente 926,2 quilômetros (9 horas e 40 minutos) de carro da cidade de Wuhan, epicentro da epidemia do novo coronavírus.
De acordo com o mapa em tempo real disponibilizado pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Centro de Controle de Controle e Prevenção de Doenças (EUA) e das autoridades sanitárias dos países com casos confirmados, até o fim da tarde desta quarta-feira (29), 130 casos da doença foram confirmados em Shandong. Ao todo, até este mesmo horário, o mapa apontou 6.164 casos no mundo, sendo 6.070 apenas na China.
Segundo Paloma Carvalho, que concedeu entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, apesar deste número de pessoas infectadas, é necessário destacar que há o sentimento de amparo e segurança mediante as medidas do governo chinês. "Estão passando por um rígido controle. Até para entrar no supermercado a gente precisa verificar a temperatura corporal. O mercado de caça de Wuhan foi fiscalizado e todas as barracas foram fechadas. Essas feirinhas vendem caça ilegal e muitas delas estavam infectadas com o vírus. Está tendo um controle muito pesado nas cidades, todos os dias eles andam pelas ruas e desinfectam os boeiros", contou.
Desde dezembro do ano passado, já se falava na doença no País, mas sem um nome exato. "Na China tem muitos veículos de informações, 24h por dia, com fóruns, tabloides, jornais e até os próprios moradores fazem vídeo ao vivo para mostrar os fatos. Em janeiro, falaram do que se tratava o novo vírus. O Ministério da Saúde da China alertou sobre a contaminação e o que deveríamos fazer para nos proteger, como usar luvas, álcool em gel, lavar bem as mãos, e cozinhar bem os alimentos, bem como evitar andar em locais cheio de gente", detalhou a estudante.
Máscaras
A venda de máscaras de proteção, que já era comum na China, se intensificou por conta da doença. "Muitas pessoas estão dentro de suas casas. Quando a gente sai, é sempre de máscara. Não dá para andar sem ela pela cidade, mesmo em dias comuns. Antes de ter esse surto de vírus, as pessoas já tinham o costume de andar com elas por aqui", contou Paloma, que está morando no alojamento da Universidade de Shandong, onde só é permitido sair para ir ao supermercado.
Com o ano novo chinês e com a doença, a rotina de serviços e estabelecimentos foi bastante alterada. "Pontos turísticos foram fechados. Não é seguro andar pela cidade nem viajar para outros lugares da China, principalmente perto de Wuhan. Estamos no ano novo chinês e são as férias, então tudo é suspenso. Só funcionam farmácias, supermercados, hospitais e delegacias. Fábricas, escolas, universidades e demais empresas estão de férias. As pessoas viajam e vão reencontrar as famílias no interior, mas, infelizmente, o feriado nacional deles está arruinado por conta desse vírus", lamentou Paloma.
Mesmo com os riscos no epicentro do novo coronavírus, a designer garante que nunca pensou em largar os estudos e voltar para o Brasil. "Nasci em Altamira (PA), mas moro em Belém. Estou estudando idiomas em um intercâmbio financiado pelo governo chinês. Não penso em voltar pro Brasil, pois as condições aqui são mais favoráveis para mim. Minha família mantém contato comigo e está bem tranquia quanto a isso, pois estou em um lugar bem seguro", finalizou.