Pará inaugura trilha de longo curso nas Serras Andorinhas e fortalece ecoturismo na região amazônica
Entre os principais atrativos da trilha estão a Caverna das Andorinhas, a maior do parque, e as cachoeiras da Visagem, do Espelho e do Caldeirão

O Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, localizado em São Geraldo do Araguaia, no sudeste do Pará, se prepara para inaugurar oficialmente uma trilha de longo curso que promete transformar a experiência de visitação e ampliar a valorização ambiental e cultural da região. Com cerca de 20 km de extensão, a travessia das Serras Andorinhas conectará atrativos naturais de duas Unidades de Conservação (UCs): o próprio Parque Estadual e a Área de Proteção Ambiental (APA) Araguaia.
A nova trilha já é reconhecida pela Rede Brasileira de Trilhas e foi implantada de acordo com os padrões técnicos do Manual de Sinalização de Trilhas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O percurso cruza trechos preservados de floresta amazônica e cerrado, proporcionando uma imersão única na biodiversidade local, em formações geológicas e no modo de vida tradicional das comunidades.
Entre os principais atrativos da trilha estão a Caverna das Andorinhas, a maior do parque, e as cachoeiras da Visagem, do Espelho e do Caldeirão. A sinalização foi realizada com stencil e tinta spray, seguindo o padrão visual da Rede Brasileira de Trilhas: a tradicional pegada amarela e preta agora ganha o reforço do símbolo da andorinha.
Segundo Júlio Meyer, gerente da Região Administrativa de Belém do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) e presidente da Rede Brasileira de Trilhas, a nova travessia representa um marco para a conservação e o turismo sustentável. “A travessia das Serras Andorinhas simboliza o que há de mais moderno na gestão de trilhas no Brasil. Ela conecta ecossistemas, fortalece o sentimento de pertencimento das comunidades locais e gera novas oportunidades para o turismo de base comunitária, tudo isso com respeito à biodiversidade e à cultura local”, destacou.
Um dos grandes diferenciais da trilha é o apoio comunitário. A pernoite dos visitantes é prevista na comunidade localizada na APA Araguaia, onde é possível consumir alimentos típicos da agricultura familiar, como açaí e cupuaçu, além de conhecer casas de farinha e Sistemas Agroflorestais (SAFs) desenvolvidos com apoio do Ideflor-Bio. A integração entre patrimônio natural e cultural fortalece o protagonismo das populações tradicionais e gera novas possibilidades de renda para as famílias envolvidas.
Para Laís Mercedes, gerente da Região Administrativa do Araguaia do Ideflor-Bio, a trilha se estabelece como ferramenta de educação ambiental e conservação. “Esse projeto demonstra como o uso público pode estar alinhado com a proteção ambiental. A trilha valoriza nossos biomas, promove a observação da fauna e flora e amplia a percepção do visitante sobre a importância das unidades de conservação para o equilíbrio ecológico”, afirmou.
A biodiversidade é outro ponto forte da travessia. Ao longo do trajeto, é possível observar espécies típicas do cerrado e da floresta amazônica, como cajuí, mangaba e piquiá, além de animais como veados, urubus-rei e, ocasionalmente, a onça-pintada, símbolo do equilíbrio ecológico da região. Por medida de segurança e ordenamento, o percurso só pode ser realizado com o acompanhamento de condutores habilitados pelo Instituto.
O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, destaca que a trilha representa um passo estratégico na política de conservação ambiental do Pará. “Estamos investindo em uma infraestrutura de baixo impacto, que conecta paisagens, saberes e pessoas. Essa trilha reafirma o compromisso do Pará com o fortalecimento das UCs como espaços vivos, acessíveis e essenciais para o desenvolvimento sustentável”, destacou.
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