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Pará liderou em internações, mortes e gastos por acidentes de trânsito no Norte

Levantamento do Conselho Federal de Medicina mostra que o que se gasta com a violência no trânsito poderia ser usado em muitas outras políticas de saúde

Victor Furtado, com informações do Conselho Federal de Medicina

Em toda a região Norte, o Pará foi o estado com o maior número de internações e mortes por acidentes de trânsito, em 2018. Consequentemente, foi o estado da região que mais sobrecarregou os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) pelos gastos no mesmo período: R$ 6.692.113,75. Com o que se gastou na violência do trânsito, dava para construir uma unidade de pronto atendimento (UPA) e sobrava dinheiro. Os dados são de um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre a última década.

Ainda no levantamento do CFM, o Pará, em 2018, 1.559 mortes e 6.398 internações. Historicamente, o número de internações só aumentou na última década. Em 2008, foram 3.019 internações. Já quantidade de mortes, desde 20125, chegou ao patamar de 1,5 mil casos e não baixou mais. No ano de 2008, o número de óbitos foi 1.118. O fato de os índices de mortalidade não terem chegado a 1,6 mil ainda, não significa que a situação é boa e estável. Vários estados apresentaram redução da letalidade viária.

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Na região Norte, a mortalidade por acidentes subiu 30%, demonstra o CFM. No Nordeste, houve um crescimento de 28% dos casos. No Centro-Oeste, o aumento foi de  7%. Nas regiões Sul e Sudeste, apresentaram menor quantidade de óbitos em 2016, frente à 2009, com queda de 15% e 18%, respectivamente.

No entanto, o estado do Tocantins tem um destaque negativo em relação a todo o cenário nacional: passou de 60 internações, em 2009, para 1.348, no ano passado (aumento de 2.147%). Isso sem contar o ano de 2016, no qual foram 2.322 internações.

Em números absolutos, 43% do total de internações registradas no SUS, na última década, ficou concentrado em estados do Sudeste, região que reúne também metade da frota de veículos automotores do Brasil. Outros 28% dos casos graves ficaram no Nordeste e o restante ficou dividido entre Sul (12%), Centro-Oeste (9%) e Norte (7%).

 

Estatísticas são preocupantes e epidêmicas, aponta CFM

 

Por hora, em média, pelo menos cinco pessoas morrem no trânsito brasileiro e 20 dão entrada em um hospital da rede pública de saúde, com ferimento grave após um acidente. Nos dados nacionais, é 1,6 milhão de feridos nos últimos dez anos, ao custo direto de quase R$ 3 bilhões para o SUS.  Em 60% desses, as vítimas tinham entre 15 e 39 anos. A frequência é menor nas faixas etárias que vão de zero a 14 anos (8,2%) e em maiores de 60 anos (8,4%). Quase 80% das vítimas eram do sexo masculino.

Para o coordenador da Câmara Técnica de Medicina de Tráfego do CFM, José Fernando Vinagre, os números mostram que os acidentes de trânsito constituem um grave problema de saúde pública. E estão sobrecarregando os serviços de assistência, em especial nos prontos-socorros e nas alas de internação dos hospitais.

Antonio Meira Júnior, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e membro da Câmara Técnica do CFM, lembra que os custos com os acidentes de trânsito vão além das hospitalizações.“É preciso reconhecer o importante aprimoramento da legislação ao longo dos anos e também o aumento na fiscalização, especialmente após a Lei Seca. No entanto, precisamos avançar nas estratégias para tornar o trânsito brasileiro mais seguro”, pontua José Fernando.

“Estamos falando de um custo médio de aproximadamente R$ 290 milhões ao ano, que obviamente foi investido para salvar vidas, o que é justificável. Se conseguíssemos diminuir o número de vítimas do trânsito, no entanto, teríamos um impacto muito grande também nas contas públicas. São recursos que poderiam ser direcionados para outras áreas prioritárias da assistência em saúde no País”, ressalta. Antonio. Com o que o Pará gastou na última década, só com a violência no trânsito, poderia ter construído 10 UPAs.

Para a presidente do CFM, Carlos Vital, a solução para reduzir os acidentes depende de uma série de fatores de prevenção, reforço na fiscalização e sinalização, além de questões de infraestrutura e aprimoramento dos itens de segurança dos veículos. “Neste contexto, os médicos desempenham papel fundamental nas discussões sobre direção veicular segura. O impacto desses acidentes nos serviços de saúde é alto. Leitos são ocupados, hospitais e médicos se dividem no atendimento entre os acidentados e os que procuram assistência médica para patologias que não poderiam prevenir, diferentemente dos acidentes de trânsito, que podem ser reduzidos e prevenidos”, destacou.

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