Paciente do 2º transplante de fígado na Santa Casa tem alta; Pará pode ter 20 transplantes em 2023

Em menos de 30 dias da implantação do serviço de transplante hepático, o hospital já realizou três cirurgias. Pará tem fila de 30 pacientes renais e 20 hepáticos.

O Liberal
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Sueli Lima de Souza, de 64 anos, comemora a alta da Fundação Santa Casa de Misericórdia, após 14 dias de internação em função de um transplante de fígado. A dona de casa, que é de Castanhal, é a segunda paciente a passar pelo procedimento no hospital desde que os transplantes hepáticos começaram a ser realizados na unidade, no final de fevereiro deste ano. Esses procedimentos agora são feitos totalmente pelo Sistema Único de Saúde no Pará. Para a equipe médica da instituição, é possível que o estado feche o ano de 2023 com 15 ou até 20 transplantes feitos.

Emocionada, Sueli conta como tudo começou, já com a descoberta de uma cirrose hepática. "Eu nunca tinha tido nenhum problema de saúde que me levasse a um hospital, até que comecei a ficar com a barriga muito grande e a sentir dores a ponto de nem conseguir tocar. Foi então que comecei a procurar médicos até chegar ao diagnóstico de cirrose. A notícia de que eu precisava ser submetida a um transplante de fígado foi assustadora", relembra.

Do diagnóstico, em 2019, até o transplante, em 2023, foram muitas idas e vindas ao hospital. Dores e medos que Sueli só teve forças para encarar graças ao apoio da família e ao atencioso trabalho da equipe que a acompanhou, tanto no ambulatório do fígado da Santa Casa quanto no transplante, também realizado no hospital. “Essa equipe me convenceu de que o transplante me daria uma nova chance de vida”, afirmou a paciente.

Mas a gratidão de Sueli também se volta às pessoas que tomaram a decisão que salvou sua vida. "Eu não tenho palavras para agradecer à família desse doador, que, em um momento tão triste, conseguiu ter sabedoria e amor ao próximo e tomou a decisão de doar os órgãos dele. Foi essa decisão que salvou a minha vida e que pode salvar muitas vidas, se outras famílias seguirem o exemplo", conclui.

image Com a alta de Sueli, o Estado reduz a fila de espera por transplantes de fígado (Agência Pará)

Até 20 transplantes de fígado em 2023

A Santa Casa do Pará realiza, além do transplante de fígado, o transplante renal pediátrico desde 2019. Doze crianças e adolescentes já foram transplantadas desde então. Quase 30 pacientes renais pediátricos ainda aguardam por um transplante de rim no hospital e mais de 20 pacientes hepáticos possuem indicação para transplante.

O cirurgião Rafael Garcia, responsável técnico da equipe de transplante de fígado da Santa Casa, relata que a realização de transplantes hepáticos no hospital superou as expectativas. "Em menos de 30 dias da implantação do serviço de transplante de fígado, nós já realizamos três transplantes no Estado, salvando a vida de três pessoas. Isso é mais do que nós esperávamos, pois, no nosso planejamento mais otimista, acreditávamos que iríamos fazer um transplante por mês. Então, a alta da Sueli, transplantada no dia 14, e a realização do terceiro transplante, no dia 24, consolida o serviço de transplante de fígado da Santa Casa. Se esse ritmo de doação se mantiver, podemos fechar 2023 com 15 a 20 transplantes realizados", estima.

Estima-se que quase 50 mil pessoas necessitam de um transplante de órgãos no Brasil. Mas, para que mais transplantes possam acontecer, é necessário que mais famílias autorizem as doações quando há a comprovação de morte encefálica. Um doador de órgãos pode salvar até nove vidas, com a doação dos rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas e intestino. A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) aponta que o número de famílias que apresentaram recusas pela doação de órgãos chegou no ano passado ao maior percentual no Brasil, de 46%.

"Só há transplante com doação e doação só acontece no Brasil se a família autoriza a retirada do órgão. Mas, para isso, as pessoas precisam falar e demonstrar o interesse de ser um doador ainda em vida. Aceitar a doação é um gesto muito nobre. De certa forma, a vida continua, seja no fígado, no rim ou nas córneas de alguém", conclui Rafael Garcia.

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