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Mudanças previstas para a realização da cirurgia bariátrica devem entrar em vigor em 2023

Médicos afirmam que a atualização é necessário para abranger mais pacientes e garantir melhor qualidade de vida

Camila Azevedo
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As novas mudanças para a realização da cirurgia bariátrica estão previstas para entrar em vigor em 2023. A atualização está sendo conversada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), após mais de 30 anos das atuais regras em vigor. No Pará, de janeiro a setembro de 2022, 423 procedimentos foram realizados. Os números são da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Entre as principais mudanças listadas por especialistas da área, está a inclusão de 21 novas comorbidades no rol que possibilita o paciente ter direito ao processo, o que abrange mais a população e garante melhorias nos serviços oferecidos. 

A cirurgia bariátrica é indicada para tratar casos de obesidade grave, sendo conhecida como “redução do estômago” por mudar a forma original do órgão, além de reduzir a capacidade de receber alimentos. De acordo com o Ministério da Saúde, uma pessoa não operada tem espaço para consumir de 1 a 1,5 litro de alimentos. Porém, o paciente pós-bariátrico fica com a capacidade que varia entre 25 e 200 ml. Outra parte afetada é a produção de hormônios relacionados à vontade de comer. 

Atualmente, a bariátrica é autorizada para pacientes de 18 a 75 anos de idade que atendam a critérios específicos, como o Índice de Massa Corporal (IMC) - número tirado a partir do peso pela altura ao quadrado - a partir de 35 kg/m² e que apresentem algumas comorbidades, como doenças cardíacas, apnéia do sono e intratabilidade clínica, ou seja, aquela pessoa que tentou tratamento para obesidade por meio de nutricionistas, psicólogos e atividades físicas, não obtendo sucesso, sendo a hipertensão arterial sistêmica e a diabetes os principais. 

Quem já precisou do recurso entende a importância de melhorar o processo de acesso. Andrezza Anaissi, jornalista de 34 anos, realizou a cirurgia em 2017. Ela fala que sempre teve tendência a engordar, mas foi após uma série de eventos que a levaram a desenvolver depressão e ansiedade que a situação ficou mais séria e preocupante. “A gente vai se perdendo em meio a alimentação. Morei fora do estado, era uma nova cultura, ritmo, alimentos, acredito que isso tenha contribuído. Saí de Belém com 92 kg e, quando vi, já estava com 104 kg. No meio do caminho eu retornei para cá por conta do falecimento do meu pai e minha avó, acabei entrando em crise de ansiedade e isso fez minha alimentação descontrolar”, relembra. 

A preocupação em voltar ao mercado de trabalho foi o ponto chave para a jornalista começar a pesquisar sobre a cirurgia. A caminhada para conseguir o procedimento foi longa e demorada, passando por uma série de especialidades envolvidas. “Isso me deu um ‘start’. Eu não queria sair de casa mais, naquele momento eu precisava fazer algo mesmo para sentir aquela vontade de viver. Comecei a estudar mais sobre o processo, o quanto demoraria. Demorou muito entre um exame e outro. Por isso, eu cheguei a desistir duas veze”, conta Andrezza.

Ela teve que perder 6 kg para estar apta ao procedimento. Os resultados começaram a ser vistos em pouco tempo: logo nos 10 primeiros dias, o rosto começou a afinar; no primeiro mês, a jornalista já tinha perdido 12 kg. “Eu fiquei super bem, a autoestima volta, a gente pode dizer que os prazer da vida, que foram perdidos, voltam, porque a gordura me entristecia, fazia mal. Eu voltei a vida normal, a trabalha”, diz.

Mudanças

O cirurgião bariátrico Marcelo Magalhães, especialista em aparelho digestivo, explica que as mudanças propostas deixaram o processo para o procedimento mais correto e ampliaram a abrangência de pessoas. “O CFM agregou 21 outras doenças para se associar ao IMC de 35 para liberar a cirurgia. As mais importantes seriam as alterações cardíacas de modo geral, como infarto, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial, depressão… Aceitação emocional e visual se tornou importante também”, listou o médico.

A importância da atualização para quem deseja a cirurgia é tamanha. Marcelo analisa que os beneficiados também são os médicos. “Agora ficou mais correto. Outra mudança fundamental é sobre a idade: pessoas de 16 a 18 anos, tendo os critérios indicados, passarão por uma comissão, avaliação e hoje temos a esperança para essa população que, anteriormente, ficava alheia. Ficou mais claro, também, a explicação sobre as técnicas que podem ser utilizadas. Vamos poder ter liberdade para poder trabalhar com mais seriedade”, detalha.

Programa Obesidade Zero é alternativa dentro do sistema público

A Sespa realiza cirurgias bariátricas gratuitas para a população com IMC maior que 35 kg/m², desde que obedeçam aos demais critérios. Os pacientes precisam ser maiores de 18 anos. Em nota, a pasta informou que “os pacientes são atendidos por uma equipe multidisciplinar, onde serão avaliados se estão aptos ou não para fazer a cirurgia. Caso sejam elegíveis, a cirurgia bariátrica poderá ocorrer em até dois anos, conforme prazo preconizado pelo Ministério da Saúde, já que o tratamento inclui também o atendimento multiprofissional pré e pós-cirurgia.

Técnicas usadas na cirurgia bariátrica: 

Gastrectomia vertical - reduz o estômago, retirando cerca de ⅔ dele
Bypass ou gastroplastia - diminuição do estômago com um desvio do interstício, causando restrição e disabsorção;
Scopinaro - restrição e desabsorção. Sendo que a preferência dessa técnica seria pela desabsorção, o paciente perde mais nutrientes do que nas outras duas citadas.

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