Mudanças climáticas: Belém teve aumento de 1°C em 20 anos; entenda os impactos
Aumento da temperatura, das chuvas intensas e secas prolongadas são alguns dos efeitos nas cidades amazônicas, alerta especialista
À medida que a COP-30 se aproxima em Belém, as cidades amazônicas e os debates sobre mudanças climáticas estão recebendo crescente atenção global. Especialistas alertam para a ameaça das mudanças climáticas nas cidades da Amazônia, destacando o aumento anual da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como o aumento da temperatura do ar e alterações no regime de chuvas e eventos de seca prolongada. Em 20 anos, Belém aumentou a temperatura em 1°C, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), diz pesquisador.
A região metropolitana de Belém aumentou a temperatura em 1°C no período de 2000 a 2020, comparado ao período 1980 a 1990. Na região de Marabá esse aumento é maior, chegando a 1,5°C, segundo dados das estações do INMET. Há indícios também de aumento na frequência dos eventos de onda de calor, com cinco dias consecutivos com temperatura do ar acima de 35°C.
"As análises das bases de dados provenientes de medições in situ e por satélites já indicam evidências de aumento significativo na temperatura do ar na região amazônica. O aquecimento global explica esse aumento, mas fatores regionais como expansão urbana e alteração da cobertura vegetal por desmatamento para as atividades agrícolas e pecuária, com o aumento das pastagens, também contribuem para exacerbar as tendências de aumento na temperatura", explica o professor Everaldo de Souza, doutor em Meteorologia da Universidade Federal do Pará.
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Em relação ao regime de chuvas, as análises também indicam aumento na frequência de chuvas intensas durante o período mais úmido (dezembro, janeiro até maio), o que agrava as condições propícias para enchentes e inundações, cujos impactos sociais e econômicos são expressivos e muito danosos nas cidades amazônicas.
Por outro lado, o especialista aponta a indicação de aumento na frequência dos eventos de seca prolongada, que consiste na falta de chuva e umidade relativa baixa, caracterizando clima muito seco.
"Isso acontece especialmente nos meses do segundo semestre (julho, agosto, setembro, outubro) e oferece grandes ameaças nos cenários de mudanças climáticas, pois podem se associar à intensificação das queimadas e incêndios, cujos impactos nas esferas sociais, ambientais e da biodiversidade são muito preocupantes", declara.
Para o meteorologista, a população exposta necessita de medidas governamentais urgentes para mitigação e adaptação, capazes de efetivamente minimizar os prejuízos sociais e econômicos, bem como proteger as vidas humanas.
Evento que discute mudanças climáticas em Belém
As formas de adaptar cidades, de características diferentes, às mudanças do clima serão os principais temas do Encontro Cidades da Amazônia e do Brasil. O evento é uma iniciativa do Laboratório da Cidade, e acontece nos dias 5, 6 e 7 de abril, no Teatro Gasômetro. Como o próprio nome diz, a Amazônia terá lugar de destaque nas discussões, aproveitando o gancho da realização da COP 30 em Belém, em 2025.
Com a participação ativa da sociedade, o Encontro convidou profissionais e estudantes a enviarem projetos de adaptação às mudanças climáticas nas cidades, selecionando vinte deles para serem discutidos durante o evento. As inscrições estão abertas por este link.
Para mais informações, acesse cidadesamazonia.org
Eva Pires (estagiária sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade)