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Médicos Sem Fronteiras dão apoio a instituições de saúde de Portel no combate à covid-19

Organização médico-humanitária internacional tem fornecido treinamentos com profissionais de saúde de instituições locais, com o objetivo de melhorar os fluxos de atendimento médico

João Thiago Dias

O município de Portel, no arquipélago do Marajó (PA), que enfrenta vários desafios de acesso aos cuidados de saúde no contexto da covid-19, passou a contar, desde a última segunda-feira (24), com o apoio da organização médico-humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF). São realizados treinamentos com profissionais de saúde de instituições locais, com o objetivo de melhorar os fluxos de atendimento médico nas unidades locais em todos os níveis, como na atenção primária, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), nos cuidados de emergência, nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), e nas internações hospitalares.

Segundo a equipe da MSF, a intenção é evitar que a demanda sobre o sistema hospitalar cresça ainda mais. Também é oferecido apoio de saúde mental aos profissionais de saúde, para aliviar as consequências psicológicas que a pandemia tem provocado. E será trabalhado junto à comunidade local a transmissão de mensagens de prevenção, além do monitoramento dos casos suspeitos ou leves com visitas domiciliares e testes de antígeno.

Uma equipe multidisciplinar foi disponibilizada: um coordenador e um referente médico para conduzir a equipe e garantir a comunicação com as Secretarias de Saúde do Estado do Pará (Sespa) e com o Município de Portel; médicos, enfermeiros, psicólogo e supervisor de promoção da saúde; além de um gerente de logística para dar todos os meios técnicos e práticos às operações da equipe médica. A equipa também contará com outros membros, de 10 a 15 de fora de Portel, e mais cinco a sete da localidade.

De acordo com Clement Besse, coordenador do projeto em Portel, a MSF está trabalhando em 10 estados no Brasil desde o início do surto de covid-19. Para priorizar o foco, estão analisando a Base de Dados do Sistema Único de Saúde (SUS).

"No final de abril, o chefe da missão e o coordenador médico visitaram a Secretaria de Estado de Saúde do Pará e, da mesma forma, realizaram análises epidemiológicas para priorizar os municípios do Pará a serem visitados. Entre os nove percorridos ao longo das duas semanas de visita, Portel mostrou ser o município com maiores desafios em termos de acesso aos cuidados de saúde", indicou Clement.

Ele disse que o principal desafio identificado é a dificuldade de acesso à saúde (para pacientes com covid-19 ou não) diante de um sistema já fragilizado pela falta de recursos para atender a todos os indivíduos, e mais especificamente às comunidades de difícil acesso. A compreensão sobre o sistema de saúde local e o comportamento da população na busca por saúde ainda está em construção. "Graças a todas as partes interessadas reunidas, as informações compartilhadas são claras, muito úteis e ajudarão muito a abordar o melhor suporte que MSF pode fornecer", explicou.

"O sistema de saúde do município de Portel é apoiado por um plano muito organizado e estruturado, visando o cumprimento das normas sanitárias nacionais. No entanto, a falta inicial de recursos - recursos humanos e financiamento - não permite que as administrações e pessoas relacionadas com a saúde abranjam toda a gama de necessidades da população. Essa situação foi agravada pelo surto de covid-19", ponderou.

Tempo de atuação

A duração da intervenção em Portel dependerá das descobertas ao longo das atividades médicas. "Pela nossa experiência no Brasil e em todos os outros países onde prestamos atendimento médico, podemos prever que nossa intervenção dure de seis a oito semanas", avaliou Clement. "No entanto, as informações médicas que forem recolhidas ao longo das consultas, de acordo com o nível de crise do covid-19 que identificarmos, irão desencadear uma extensão do nosso apoio, ou um encurtamento do mesmo".

Com longa experiência em acessar lugares quase inacessíveis, a organização é especialista em resposta a emergências para controlar crises agudas de saúde em vários contextos. "Um nível de especialização que pretendemos partilhar com as entidades de saúde de Portel para uma atuação rápida e eficiente", concluiu Clement Besse.

 Em nota, a Sespa informou que a parceria com a organização Médicos Sem Fronteiras em Portel "tem sido feita para garantir o cadastro e atuação dos médicos nas unidades de saúde do município". A reportagem solicitou um posicionamento da Prefeitura de Portel acerca do recebimento desse apoio, mas não houve resposta até o fechamento do texto.

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