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Março deve ser mais chuvoso no Pará, afirma especialista

Zonas de Convergências provocam chuvas mais intensas e podem afetar, principalmente, o sudeste paraense

Camila Guimarães / Especial para O Liberal

O inverno amazônico ainda se estende no Pará e a expectativa para o mês de março é que as águas sejam mais volumosas. A previsão se deve à aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), uma faixa de nuvens que envolve o globo em todo da linha do equador e que, ao se aproximar o hemisfério sul, pode causar chuvas e tempestades intensas.

O coordenador do Segundo Distrito de Meteorologia Inmet, José Raimundo Abreu, explica que o ciclo da ZCIT abre o período de chuvas na região norte do país, se aproximando em janeiro e permanecendo mais próxima do hemisfério sul até abril. “Agora em março, essa zona de convergência atinge até 5 graus de latitude sul, chegando até mais ou menos o meio do Pará. Por isso que nós temos tido esses dias mais fechados, de céu encoberto”.

Com a aproximação dessa faixa de nuvens e o aumento de meio grau na temperatura do oceano Atlântico, na área mais próxima do Pará e Amapá, o especialista garante que haverá uma mudança no padrão das chuvas que temos tido até agora. Segundo José, o inverno amazônico tem apresentado um volume de chuvas abaixo do normal.

“Este ano, não tivemos chuvas de longa duração, como tínhamos antigamente. Belém tem, até agora, 137 milímetros cúbicos de chuva registrados, sendo que a média é de 400 milímetros cúbicos”, pontua o especialista. Ele explica que os maiores volumes registrados na região ocorreram em áreas isoladas, em distritos como Mosqueiro e Icoaraci, mas não no centro da cidade.

 

Risco de novas enchentes também são possíveis em março

Há exatamente um mês, Marabá, no sudeste do estado, registrava a primeira baixa no nível do Rio Tocantins, que atingiu mais de 13 metros e causou a inundação da cidade, deixando mais de 2000 pessoas desabrigadas. A cheia na região se deu pelas chuvas nas cabeceiras dos rios Araguaia e Tocantins, entre os Estados do Mato Grosso, Goiás e Tocantins. Para março, há um novo risco de aumento no nível das águas.

Segundo José Raimundo, o fenômeno por trás dessa possibilidade de cheia não é mais a ZCIT, mas a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), responsável pelo maior índice de chuvas na região sudoeste do estado. “Essa é uma faixa de nuvens que atravessa o sul do Pará, vinda do oceano Atlântico, que dá a volta pela Cordilheira dos Andes e retorna, atravessando o sul do Pará até sair pelo leste do país”, explica o especialista.

Para ele, a ZCAS já é a responsável pelas tempestades que têm assolado outras regiões do Brasil, como em Petrópolis, no Rio de Janeiro. O risco é que as chuvas tornem a precipitar novamente na cabeceira dos rios em Mato Grosso, ocasionando a cheia do Rio Tocantins. “É possível que ainda no mês de fevereiro possa acontecer o repique”, comenta o especialista, mas considera que, dessa vez, o aumento no nível do rio não deve passar de um metro.

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