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Manifestação de indígenas Kayapó fecha a BR-163

"Nós vamos lutar pelos nossos direitos até o último índio", afirmam lideranças

Tainá Cavalcante

Indígenas Kayapó fazem uma manifestação na manhã desta segunda-feira (17), fechando a BR-163, a dez quilômetros de Novo Progresso, no sentido de Cuiabá.  O ato começou às 7h e seguirá, de acordo com eles, até que um representante do governo do Estado vá até o local. A manifestação é motivada por uma série de cobranças dos indígenas no que tange à saúde, estrutura das rodovias, proteção territorial e Ferrogrão. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) está no local organizando o trânsito.

"A nossa casa do índio está sendo abandonada. Falta motorista, carro, profissionais. O Governo nos esqueceu", lamenta Mydjere Kayapó Mekrãgnoti, liderança Kayapó. De acordo com ele, que participa da manifestação, há também a questão do 'Ferrogrão', na qual os indígenas não foram consultados. "Eles nem reconhecem todos os impactos sobre os povos indígenas na região, principalmente nós Kayapó".

Sobre a proteção territorial, outro tópico de reivindicação por parte dos indígenas, eles exigem que ocorra "o fechamento do garimpo do rio Curuá". "Inclusive nós queremos expulsar essas pessoas. O governo tem que vir nos ajudar, nos ouvir, então se o governador não aparecer aqui para conversar, nós vamos continuar fechando a BR", garante a liderança, ao reafirmar que os indígenas presentes querem que um representante do governo ou o próprio governador vá ao local para "conversar e resolver de que forma ele pode nos ouvir e nos ajudar".

Mydjere também ressalta que a preservação das florestas é uma pauta urgente. "A floresta, esse verde que ainda tem a Amazônia, é porque são terras indígenas. O mundo todo depende da floresta e nós, indígenas, dependemos da floresta e a floresta depende da gente, porque sem floresta o índio não vive, então queremos salvar nossa casa, nosso alimento, nossa mata e nós vamos lutar pelos nossos direitos até o último índio", reforça, ao lembrar que "nós, Kayapós, já perdemos três dos nossos ansiões e o Governo não está nem aí para isso, para nós".

A redação integrada de o Liberal procurou o governo do Pará para comentar o ato e repercutir as possíveis providências, além do posicionamento tomado frente ao bloqueio feito pelas lideranças indígenas. Acompanhe.

Veja as reivindicações 


1. Saúde Indígena

- Reforma da CASAI (estrutura insalubre construída pelo DNIT);
- Contratação de serviços de terceiros (contratação de motorista, serviços gerais, cozinheira, barqueiro e administrativo);
- Contratação de profissionais da saúde; (contratação de 10 (dez) Técnicos de enfermagem, 01 Nutricionista, 01 Enfermeira, e AIS (Agente indígena de saúde), para atuar na CASAI e Aldeias;
- Poços artesianos;
- Manutenção de veículos e equipamentos;
- Aquisição de equipamentos e material apoio;
- Teste rápido para covid-19;
- Construção de Postos de Saúde nas aldeias;

2. BR 163

- Renovação/continuidade do CI-PBA;
- Liberação de recursos do Plano Emergencial;
- Autorizar a utilização da aplicação financeira que está conta do Instituto Kabu;
- Casa de Cultura Kayapó;
- Manutenção do ramal Kayapó (Terra Indígena Menkragnotí);
- Manutenção do ramal para Terra Indígena Baú;
- Abertura do ramal Kayapó para as aldeias Krimej, Kawatum e Mekrãgnoti Velho;
- Pendência dos carros que foram cedidos ao Instituto Kabu pelo DNIT (documentação, doação, manutenção);
- Concessão da BR 163 - não fez consulta;

3. Ferrogrão

- Não fez consulta e não reconhece todos os impactos sobre os povos indígenas da região, principalmente quanto aos Kayapó.

4. Proteção territorial

- Fechamento dos garimpos fora das Tis, no rio Curuá, incluindo a expulsão de garimpeiros das TIs.
- Retorno de ações do Ibama e Polícia Federal para expulsão de madeireiros, garimpeiros e outros invasores e principalmente conter ameaças;
- Continuidade do PBA – único programa de proteção ambiental que ajuda proteger e preservar nossas terras, rios e florestas;

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