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Mais de 25% dos jovens do Brasil não estudam nem trabalham, aponta IBGE

No Pará, o último balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou que 90 mil crianças e adolescentes estavam fora da escola

Camila Guimarães

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGEdivulgou nesta sexta-feira (2) que, em 2021, após dois anos de pandemia de covid-19, um em cada quatro brasileiros com idade entre 15 e 29 anos (25,8%) não estudava nem trabalhava. A maior parte desse grupo (62,5%) eram mulheres. No Pará, o último balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou que 90 mil crianças e adolescentes estavam fora da escola e, entre os que estudavam, cerca da metade estava com idade inadequada para a série que cursava, o que representa um déficit conhecido como distorção idade-série. A SeduC foi acionada para comentar os números e informou que está apurando para divulgar uma nota.

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Cleonice relata que chegou a se mudar para trabalhar em casa de família, na expectativa de poder se dedicar, em algum momento, aos estudos, porém, seus planos foram frustrados por violência doméstica e falta de recursos.

“Eu cheguei a morar com prostitutas que queriam que eu me prostituísse, mas eu não quis. Eu me amiguei com um rapaz e me mudei para Breves, mas lá, ele não me deixava sair de casa, me maltratava, tinha muito ciúmes e me batia, então eu fugi de novo. Foi quando eu vim para Belém, foi onde eu conheci meu atual marido, que estamos juntos há 30 anos. Foi aqui que eu vi as pessoas estudando e lendo e eu comecei a querer ler também”, ela conta.

Já adulta, Cleonice relata que tentou começar os estudos e passou quatro anos frequentando uma escola onde nunca chegou a aprender a ler. Ela copiava as palavras do quadro e do livro no caderno, mas sentia que não tinha a assistência necessária para aprender de fato. “O pessoal achava que eu já sabia ler, mas eu não sabia o que eu estava escrevendo”, comenta.

Frustrada, ela abandonou os estudos mais uma vez, mas este ano, foi motivada por uma amiga a tentar de novo. Ela conta que começou a estudar novamente após completar 50 anos de idade, em março, e espera que dessa vez avance no aprendizado:

“Agora, se Deus quiser, vou aprender tudo. Todos os dias eu vou para o colégio, é um lugar muito bom, os professores são muito legais, a merenda do colégio é muito boa, todos são muito bons. O que precisa para a gente se manter no colégio é a oportunidade”, afirma.

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