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Indígenas de aldeia Tembé participam de preparação para o Enem 2022

O aulão inédito oferecido pela Seduc reuniu mais de 150 alunos, que buscam uma vaga no ensino superior

Evaldo Júnior, especial para O Liberal

Às margens do alto Rio Guamá, no nordeste paraense, em uma localidade onde até pouco tempo só era possível chegar por via fluvial, mais de 150 alunos indígenas tiveram a oportunidade de intensificar a preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por meio de um aulão inédito, proporcionado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) neste sábado (24). A ramada da aldeia São Pedro, considerada uma estrutura sagrada para o seu povo, foi o local escolhido para abrigar alunos de povos originários de 16 localidades. 

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Saber e liberdade

O cacique da aldeia São Pedro, Kamiran Temém, 30 anos, reconheceu a importância do estudo para a sobrevivência de seu povo. "Ao longo da história, nós enxergamos os avanços trazidos pelo conhecimento. Antes, nós não tínhamos nem autonomia para falar por nós mesmos. Hoje, nós temos essa liberdade, e por isso precisamos de conhecimento para lutar. Nossos jovens estão tendo uma bela oportunidade, coisa que os meus avós não tiveram", disse o cacique.

Ele ressaltou que é importante aliar o conhecimento do povo indígena e a educação convencional, com integração e respeito. "Estamos aqui oportunizando a nossa juventude sonhar. A educação, para nós, é muito importante, pois é um instrumento de luta. Nós deixamos nosso arco e flecha para travar uma luta ideológica em busca do nosso direito. A gente precisa fazer valer nossos direitos, principalmente diante de uma sociedade que ainda é preconceituosa", enfatizou o cacique. 

A transmissão dos saberes tradicionais, por meio das narrativas em primeira pessoa, se mostra cada vez mais essencial na busca por direitos. Segundo a coordenadora da Educação Indígena da Seduc, Vera Arapiun, "essa iniciativa é muito louvável. Aqui nós temos cinco escolas estaduais. Todos os anos esses alunos fazem parte de processos seletivos especiais, mas também fazem o Enem nacional e, com certeza, essa oportunidade é muito significativa. Esses estudantes fazem parte também da educação. Isso descentraliza esse intensivo e aproxima os indígenas dos outros candidatos”. 

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