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Incêndio florestal: quatro cidades do Pará estão entre as 40 mais atingidas do Brasil

Cumaru do Norte, São Félix do Xingu, Santa Maria das Barreiras e Santana do Araguaia estão entre os 40 municípios onde o impacto do fogo é mais alto. Os incêndios não são naturais e tendem a se agravar com a expansão da agropecuária e mudanças climáticas

Victor Furtado

Entre os 40 municípios mais afetados por incêndios florestais do Brasil, quatro deles são do Pará: Cumaru do Norte, São Félix do Xingu, Santa Maria das Barreiras e Santana do Araguaia. Os dados são do estudo "Determinants of the impact of fire in the Brazilian biomes", publicado na Frontiers in Forests and Global Change. Pesquisadores do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) investigaram as causas dos incêndios nos biomas brasileiros, seus impactos na vegetação nativa e tendências futuras.

O estudo quantifica a influência dos fatores climáticos, uso da terra, desmatamento e vegetação seca, que atuam como combustível ao fogo, na ocorrência de incêndios na Amazônia, Pantanal, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa. A presença de gado é um fator estatisticamente associado aos incêndios de grande impacto no Pantanal e no Cerrado. Na Amazônia, as queimadas estão inerentemente relacionadas ao desmatamento ao longo da fronteira agrícola. Contudo, suas Unidades de Conservação e Terras Indígenas são ainda pouco afetadas pelos incêndios de grande impacto, funcionando como um “escudo verde”.

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“É essencial guiar as políticas públicas com base na ciência. Fica claro que permitir o uso das reservas legais para o pastoreio não irá contribuir para a redução dos grandes incêndios, mas sim degradar ecossistemas frágeis”, comenta o Raoni Rajão, coautor do artigo. O estudo destaca que o desmatamento para a produção agropecuária e o uso do fogo para rebrota de pasto são as principais causas dos incêndios. Muitas vezes iniciam em propriedades privadas, escapando em seguida para as áreas de vegetação nativa das Unidades de Conservação e Terras Indígenas.

Por exemplo: no Pantanal, embora a presença de vegetação seca influencie a propagação do fogo, o uso da terra, incluindo a pecuária, o desmatamento e o clima são os fatores principais que explicam 78% da ocorrência de grandes incêndios. Nos 20 anos examinados pelo estudo, 45% do Pantanal, 34% do Cerrado e 9% da Amazônia pegaram fogo pelo menos uma vez. Britaldo Soares-Filho, coautor do artigo, aponta perda da capacidade de regeneração devido à recorrência do fogo.

A tendência, com as mudanças climáticas e com a expansão agropecuária, é que a maior parte do Cerrado, Pantanal e Amazônia sofram com incêndios mais intensos e vastos. Em algumas regiões do Cerrado poderão ocorrer incêndios até cinco vezes mais intensos. “Isso tornará o trabalho das brigadas de fogo cada vez mais difícil. Será necessária a intensificação da fiscalização visando a coibição dos causadores de incêndios, aliada ao maior investimento em programas de prevenção e combate de fogo”, conclui Ubirajara Oliveira, líder do estudo.

A Redação Integrada de O Liberal entrou em contato com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e aguarda posicionamento sobre o estudo e ocorrências.

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