CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Impactos sociais da pandemia provocam insegurança alimentar

Especialistas em nutrição apontam que a segurança alimentar, direito previsto em lei, foi ameaçado mediante a expansão da inflação no custo de alimentos, alta do desemprego e outros fatores

João Thiago Dias / O Liberal
fonte

Especialistas em nutrição apontam que muitos brasileiros estão vivendo com insegurança alimentar, que se refere ao acesso limitado à comida, seja por falta de dinheiro ou outros recursos. Os problemas sociais causados pela pandemia da covid-19 estão entre os fatores agravantes. O aumento no custo da cesta básica e de itens essenciais como a carne bovina, por exemplo, também dificultaram o acesso a uma dieta adequadamente nutritiva.

Essa avaliação foi feita pela nutricionista Andreia Pereira, de Belém. Ela explicou que o termo oposto - segurança alimentar -  surgiu após a 1ª Guerra Mundial. No Brasil, é um direito social fundamental garantido pela Constituição Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional 64/2010, que incluiu a alimentação no 6º artigo. "É o acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, mas sem comprometer outras necessidades essenciais do ser humano", destacou.

"Com a pandemia, esse problema acabou sendo acentuado. Muitas pessoas perderam o emprego, e a cesta básica teve grande aumento, impactando negativamente na alimentação dos brasileiros. Com isso, acaba se tornando mais fácil o acesso a alimentos mais calóricos e ultraprocessados, que são mais acessíveis financeiramente, mas não são recomendados, pois fazem uma dieta pobre em nutrientes", observou a nutricionista.

O ideal é que o ser humano faça seis refeições por dia, sendo três grandes refeições: café, almoço e jantar. No prato, não pode faltar uma quantidade equilibrada de proteínas, carboidratos, verduras e legumes. De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde, alimentos in natura ou minimamente processados, em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, devem ser a base da alimentação.

"E o guia diz que devemos evitar alimentos processados e ultraprocessados, como enlatados, refrigerantes, macarrão instantâneo e outros. Diante de tanta insegurança alimentar, nós, profissionais da saúde, avaliamos esse cenário como muito negativo. As restrições que estamos vivendo podem causar impacto a médio e a longo prazo, como doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão a até câncer", alertou Andreia Pereira.

Cesta básica

No último mês de agosto, um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou que a cesta básica do paraense ficou, em média, 14% mais cara no último ano. Os itens básicos da alimentação estavam, pelo menos, 5% acima da inflação. Os alimentos que puxaram essa alta foram o óleo de cozinha, o arroz e a carne bovina.

Como alternativa, a nutricionista recomenda que o cidadão aproveite promoções em feiras e mercados e consuma frutas e verduras da época, que, geralmente, são vendidas de forma mais em conta. "Também é importante organizar uma lista de compras para aproveitar melhor os alimentos, apenas com o que realmente se precisa. Sem consumir compulsivamente. E fazer o aproveitamento integral de talos de verduras e cascas de frutas. São nutritivos e podem ser aproveitados", sugeriu.

Especificamente sobre o alto valor da carne bovina, ela sugeriu algumas fontes alternativas de proteínas. "Se não conseguir comprar a carne animal, pode procurar a proteína de origem vegetal, como em leguminosas - ervilha, soja, grão-de-bico. Ou de vegetais verde-escuros, como couve, espinafre, brócolis e agrião, que também são boas fontes de proteína".

Peixes

Nos últimos meses, até os peixes e crustáceos sumiram do prato de alguns brasileiros, especialmente de paraenses. Isso por conta de alguns casos suspeitos e confirmados da Síndrome de Haff, conhecida como doença da urina preta. De acordo com o Ministério da Saúde, a doença é causada por uma toxina que pode ser encontrada em peixes como o tambaqui, o badejo, a arabaiana ou em crustáceos, como a lagosta, o lagostim e o camarão.

Como ela é pouco estudada, acredita-se que esses animais possam ter se alimentado de algas com certos tipos de toxinas que, consumidas pelo ser humano, provocam os sintomas. Diante da possibilidade de risco, alguns consumidores estão evitando comprar esse tipo de alimento.

"O peixe é um dos principais alimentos do prato do paraense. Deve ser consumido em lugar seguro, certificado pela Vigilância Sanitária. Tem proteína e é nutritivo com iodo, fósforo e cálcio. Também tem vitaminas A, E e vitaminas do complexo B", concluiu a nutricionista Andreia Pereira.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Pará
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM PARÁ

MAIS LIDAS EM PARÁ