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Harmonia no caos: saxofonista ganha a vida tocando nos ônibus

É no cenário de engarrafamento, pressa, ansiedade e estresse que o músico tenta oferecer alguma leveza aos passageiros

Igor Wilson

Harmonia no caos. Assim pode ser definido o trabalho de Thiago Souza. O saxofonista de 27 anos trabalha diariamente levando música dentro dos ônibus. Sua rotina diária começa por volta das 7h, exatamente no horário de pico no trânsito de Ananindeua e Belém. Durante o dia, entre a ida e a vinda da faculdade, são em média 20 ônibus que o jovem entra.

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“Eu comecei a estudar música aos nove anos, quando entrei no conservatório Carlos Gomes, mas na adolescência decidi abandonar, muito devido a fase. O engraçado é que a música não desistiu de mim e há cinco anos me reconectei através do saxofone da minha irmã, que seguiu outros caminhos. Foi o recomeço”, diz o musicista, que possui um perfil no Instagram chamado @osaxnobonde.

AS AVENTURAS DE UM MÚSICO NOS COLETIVOS PARAENSES

Vindo de uma família de músicos, Thiago começou a tocar nos ônibus quando conseguiu entrar no curso superior de Música da Universidade Estadual do Pará, onde atualmente curso o sétimo semestre. Junto com um amigo violonista, começou a apresentar o trabalho nos coletivos como forma de pagar parte das despesas que tinha no mundo acadêmico. O que ele não imaginava seria a quantidade de aventuras que iria viver.

“O que me incentiva a continuar é a recepção que tenho das pessoas. Muitas se emocionam, me agradecem por vários motivos, relembram coisas importantes da vida, ficam felizes. Mas já vivi muita coisa nesse trabalho, desde motorista tentando me expulsar e os passageiros brigando por minha permanência, até assalto dentro do ônibus no momento em que estava tocando, onde vi uma mulher se jogar pela janela com medo”, diz, contando sobre sua reação. “Eu simplesmente guardei meu sax na caixa e fiquei ao lado do cobrador bem quietinho, foi horrível, logo depois a mulher veio a falecer”, fala sobre o episódio ocorrido em 2018.

Sobre o futuro, Thiago vive o presente, preferindo não pensar muito sobre se irá ou não deixar de trabalhar nos coletivos. “Entrei no impulso e acho que vou sair assium também, um dia vou perceber a hora. Lembro das primeiras vezes, da vergonha que sentia, mas hoje faço tudo com convicção de que vou levar um pouco de felicidade para a maioria das pessoas que ouvirem. Posso dizer que faço o que amo e é só nisso que costuma pensar”, diz, antes de entrar em mais um ônibus.

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