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Foliões podem curtir, mas sem prejudicar o meio ambiente

Há formas de pular o carnaval de maneira sustentável e sem deixar um rastro de poluição para trás

Victor Furtado
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No Carnaval, os balneários costumam ser os principais destinos dos foliões. E essas áreas sofrem uma enorme intervenção humana, que pode resultar em poluição e graves desequilíbrios ambientais. Um dos exemplos mais clássicos e controversos é em Curuçá, onde os mangues — biomas extremamente delicados — fazem parte da brincadeira. Por isso, ambientalistas reforçam os pedidos de que as pessoas aproveitem os lugares para onde vão, mas com responsabilidade. Algumas medidas podem gerar economia e uma diversão mais consciente e estilosa.

O cientista ambiental Raphael Sereni diz que tudo deve começar com o conhecimento prévio do destino escolhido para o carnaval. Ele é assessor da coordenação de Educação Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). Deve começar com o folião, só que os municípios, que já sabem do aumento da circulação de pessoas, também devem se preparar para a demanda extra. Ele cita a prefeitura de Abaetetuba como um exemplo de preparo. Claro, sempre pode melhorar.

Com base na política nacional de resíduos sólidos (PNRS, lei federal nº 12.305/2010), Sereni aponta algumas medidas que podem partir dos foliões para a preservação do meio ambiente. A primeira delas é ter um consumo consciente e evitar o desperdício e geração de resíduos. Por exemplo: usar copos e canecas próprios, que já economizam na compra de plásticos descartáveis. Canudos próprios reutilizáveis também. Se tiver de usar algum descartável, que seja biodegradável.

O ideal é nunca deixar nenhum lixo gerado para trás, principalmente vidro, plástico e microplástico. Tudo isso pode machucar ou matar seres vivos. O vidro deve ser evitado. Plástico e alumínio, ao menos, podem ser reciclados. Se o município visitado tiver coleta seletiva, será uma nobre obrigação colaborar com a limpeza do ambiente e remuneração de catadores. Abaetetuba tem postos de entrega voluntária, observa Sereni. Só deixar o lixo jogado em qualquer canto e sem separação, só gera volume de resíduos a serem jogados em lixões. Um outro problema que os foliões nem imaginam que ser tão comum.

Sereni ressalta que glitter e purpurina são microplásticos. Coisas que vão acabar sendo ingeridas por animais e poluindo o ambiente. Pela internet, recomenda, o que não faltam são tutoriais em vídeo de como fazer esses itens de forma ecológica. Alguns podem gerar economia e virar uma brincadeira para postar nas redes sociais de que o folião pode ser consciente. O mesmo cuidado vale para fantasias: evitar usar as que sejam frágeis e muito descartáveis. Tente arranjar uma durável e reaproveitável para outras festinhas.

Impactos ambientais podem ser amplos

A geóloga Luísa Barros, professora mestre da Unama, reforça que há impactos ambientais mais graves pela presença de foliões: erosão nas margens, supressão da cobertura vegetal, mudanças na dinâmica natural do curso fluvial, degradação da qualidade da água utilizada pelos banhistas, afugentamento dos animais, risco de incêndios (fogueiras) e vandalismo.

Luísa reforça que qualquer resíduo é prejudicial ao meio ambiente, mas chama atenção para algo que muita gente não dá tanta atenção: excrementos. "Não devemos esquecer dos 'mijões'! É só dar um giro por onde um bloquinho passou para que qualquer pessoa se sinta incomodada pela quantidade de sujeira e odor de urina deixados depois da farra", critica.

Além disso, evitar acender fogueiras ou certificar-se que qualquer fogo ou brasa esteja totalmente apagado, evitando riscos de incêndios. Evitar colocar o som com intensidade forte, pois isto implica no desconforto sonoro para quem está no entorno e também no afugentamento dos animais.

"O ideal é que os responsáveis pela gestão dos balneários, tanto pela iniciativa privada quanto pelo poder público municipal, implementarem ações de planejamento e gestão. Assim, ter a ideia de qual a capacidade de público que o local comporta, levando em consideração as características específicas do local e o monitoramento contínuo dos efeitos do uso do local para turismo/lazer, constituem importantes mecanismos para a diminuição dos impactos ambientais negativos e para aumentar a qualidade ambiental dos balneários. Estas são algumas maneiras de assegurar o uso consciente e conservação do local para maior desenvolvimento turístico", conclui Luísa.

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