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Etnia Tiriyó: pelotão especial do Exército conta com 12 indígenas

Em Tiriós, Pelotão Especial de Fronteira integra conhecimentos tradicionais e militares, na proteção do extremo norte do Brasil

O Liberal

Na fronteira do Pará com o Suriname, a localidade de Tiriós abriga, além da extensa área ambiental do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, uma unidade do Exército Brasileiro. Entre os desafios do ambiente de selva e a responsabilidade de proteger o território no extremo norte do País, o 1º Pelotão Especial de Fronteira (1º PEF) reúne tradição, operacionalidade e respeito aos povos originais da Amazônia.

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Isso porque, a convivência entre os militares e os indígenas da etnia Tiriyó é pautada na valorização dos costumes, integração entre os conhecimentos tradicionais e os da caserna, além da defesa do meio ambiente. Quem garante é o comandante do 1ºPEF, tenente Marcos Cerqueira Leite.

“O nosso Pelotão segue a tríade Vida, Combate e Trabalho. Sendo Vida, a convivência diária dos militares com a comunidade; o Combate, as atividades militares de adestramento e parte operacional; e Trabalho, a manutenção diária das instalações e integração com a comunidade local. Os militares do Pelotão convivem diariamente e, sempre que possível, damos apoio à comunidade indígena, fazendo transporte de material e pessoal”, explica o comandante do 1º PEF.

O Pelotão tem um efetivo de 39 militares. Dentre eles, 12 são indígenas. Com vinte anos de criação, o 1º PEF atua, em especial, no combate aos delitos transfronteiriços. No dia a dia de serviço são feitos treinamentos voltados à defesa da Pátria, como o reconhecimento de fronteiras, fundamental para manter a soberania do Brasil.

Membro da etnia Tiriyó, o soldado Apalai conta que saiu da aldeia para estudar em Macapá (AP). Ao voltar à comunidade, se alistou e ingressou no Exército Brasileiro. “Só foi uma tentativa, mas fui chamado. E essa foi minha decisão. Tinha meus primos, meus parentes, que serviam aqui e isso foi uma motivação a mais para servir”, afirma. Conhecedor da selva tornou-se o combatente ideal para uma região com as peculiaridades da Amazônia, com uma extensa fronteira e dificuldades logísticas.

Reabastecimento

Em fevereiro, o 1º PEF recebeu suprimentos necessários ao funcionamento da unidade militar e ao abastecimento da guarnição lotada no Pelotão. Entre os itens, gêneros alimentícios, materiais de construção e peças para manutenção de viaturas. Devido ao difícil acesso na área, onde não há entrada por rios ou estradas, a missão logística só foi possível com a parceria da Força Aérea Brasileira (FAB).

Distante 10 km da fronteira com o Suriname, 594 km de Macapá, no Amapá, e 940 km de Belém (PA), a região caracteriza-se pela existência de cerca de 2 mil indígenas que vivem em 23 aldeias. Para chegar ao destino, os militares embarcaram por volta das 7h da última quinta-feira (9), na Base Aérea de Belém, rumo à Macapá. De lá, mais duas horas para aterrissar em Tiriós.

A missão de apoio logístico foi acompanhada de perto pelo comandante Militar do Norte, General de Exército Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves. Além de conferir a complexa atividade que permite os meios para sustentação e prontidão logística dos militares, o comandante também reuniu com representantes da etnia Tiriyó. Uma dança tradicional deu as boas-vindas à comitiva.

“Quando nós vemos um PEF tão bem estruturado e tão integrado com a população indígena dessa região, eu só tenho a convicção de que o Exército Brasileiro vem cumprindo de maneira excepcional e exemplar a sua missão aqui no norte, no Pará”, acredita o General Costa Neves.

Portaria reforça respeito às tradições e costumes

A integração do Exército Brasileiro com os indígenas iniciou com a própria história da instituição, quando brasileiros de diferentes etnias se uniram para expulsar os invasores holandeses, na Batalha de Guararapes, em 1648.

Com o povo Tiriyó, o primeiro contato foi feito pelo Marechal Cândido Mariano Rondon, Patrono da Arma de Comunicações. Descendente das etnias Bororó, Terena e Guará, ficou eternizado como desbravador da fronteira oeste brasileira e da Amazônia, no final da década de 1920.

Neste ano, o Exército Brasileiro atualizou uma portaria que aprova a Diretriz para o relacionamento dos militares com as comunidades indígenas. No texto, a Força Terrestre reforça o respeito às tradições e costumes locais e estabelece medidas de atuação dos militares.

Entre outros pontos, o documento reforça ainda o estímulo à produção científica de assuntos relacionados à comunidade indígena e medidas de sustentabilidade ambiental, infraestrutura e de educação ambiental em terras indígenas.

Pará