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Dia dos Indígenas: tese de doutorando da Uepa aborda saúde e conhecimento de povos originários

A pesquisa discutiu as formas em que os homens indígenas Terra Indígena Nhamundá Mapuera, no noroeste do Pará, realizam o cuidado com a saúde

O Liberal
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Os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas voltados aos hábitos de saúde e bem-estar foram tema de estudo na tese de doutorado do professor e membro do Comitê de Ética em Pesquisa do Núcleo de Formação Indígena da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Petrônio Potiguar. A pesquisa discutiu as formas em que os homens indígenas Terra Indígena Nhamundá Mapuera, no noroeste do Pará, realizam o cuidado com a saúde. Além disso, os desafios enfrentados para difundir os conhecimentos dos cuidados básicos na comunidade também foi um dos pontos analisados no trabalho — que levou três anos para ser finalizado. Nesta quarta-feira (19), data em que se celebra o Dia dos Povos Indígenas, a pesquisa evidencia que a prática dos povos originários é capaz, sim, de promover cura. 

Na comunidade, o professor acompanhou as formas de tratamento de lesões e doenças, o processo de preparo e aplicação dos medicamentos locais, o atendimento de um Agente Indígena de Saúde (AIS) e área interna do Posto Indígena de Saúde presente no território indígena. A participação de campanhas missionárias e os conhecimentos da medicina ocidental ao longo do tempo foram transformadoras nas concepções indígenas sobre saúde, doença e cura dos homens da comunidade. Segundo a tese, isso influenciou os cuidados praticados pelos indígenas.

O professor explica que a escolha desse tema é por conta da "a carência de estudos dessa temática na área da saúde”. “Sou antropólogo, mas durante sete anos dei aula para os moradores da aldeia, no Campus de Santarém, e durante esse período percebi que a saúde do homem indígena não era uma temática tão discutida”, explicou Potiguar.

“A aldeia se encontra em um processo de articulação entre os saberes tradicionais e a influência religiosas e culturais vindas de fora desde as décadas de 80 e 90. Identifiquei a existência de uma “intermedicalidade”, que é a articulação no processo da cura das doenças com a fé”, disse Petrônio.

Conhecimento

Professor Petrônio argumenta que, para adentrar no “mundo masculino” e nos cuidados terapêuticos no processo da cura de doenças, foi necessário navegar pelo mundo feminino. Isso porque é a família, na figura das mães, avós e bisavós, a principal fonte de repasse de conhecimentos e práticas sobre saúde as formas de cura, e da formação da pessoa masculina na aldeia.

A tese de doutorado baseou-se no método etnográficos e no enfoque teórico da Antropologia dialógica, em que palavras e gestos são utilizados para captar narrações, emoções e concepções de histórias de vida, com homens de diferentes faixas etárias. “Eu morei na aldeia durante nove meses com os indígenas. Fiz diversas entrevistas com os homens, lideranças, os que trabalham com a área da saúde e também com as mulheres, muitas vezes responsáveis por repassar os conhecimentos medicinais aos demais”, conta o antropólogo.

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