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Deslizamento em Abaetetuba: desastre que atingiu quase 700 pessoas completa um mês neste domingo

A erosão na orla da cidade afetou 218 imóveis e 227 famílias, conforme atualização feita, na sexta-feira (24), pela Defesa Civil Municipal

Dilson Pimentel

O deslizamento de terra na orla de Abaetetuba, no nordeste paraense, que completa um mês neste domingo (26), atingiu quase 700 pessoas. O desastre ambiental afetou 218 imóveis e 227 famílias, conforme atualização feita, na sexta-feira (24), pela Defesa Civil Municipal.

As quase 670 pessoas residiam nos bairros São José e São João, situados na área classificada pelas autoridades como “polígono de risco”. “A nossa vida não ficou boa”, disse a vendedora Valdecília Gomes Ferreira, 52 anos, que morava na rua Siqueira Mendes, no bairro São João, e teve que deixar suas casa. “A gente está se alimentando direito, estão dando essas cestas (de alimentos). Mas mudou tudo. O meu trabalho ficou longe. Eu parei mais de trabalhar. Não trabalho mais direto porque estou com os meus pais”, contou.

Na quinta-feira (23), ela foi na casa em que morou uma vida inteira e varreu a residência. “Perdi muita coisa na mudança. Caiu coisa que eu não sei por onde deixei. É muito complicado”, afirmou.

Valdecília e os pais dela estão morando agora nos altos de uma residência alugada e que fica distante de onde ela residia anteriormente. “Ficamos tipo numa prisão. Estava acostumada em beira de rua, sentar na porta, ficar à vontade. Hoje não é mais a mesma coisa”, afirmou. “Tudo o que eu quero é voltar para a minha casa, que está inteira. Então dá para voltar para a minha casa”, disse Valdecília.

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Distribuição dos materiais ocorreu no ginásio da cidade e beneficiou 630 pessoas

Logo após o deslizamento, seus pais - seu João dos Santos Ferreira, 84, e a esposa, Luzia Gomes Ferreira 82, que moravam há mais de 50 anos em uma casa na rua Siqueira Mendes, foram morar com ela. “Para eles, foi horrível. Estavam acostumados no cantinho deles”, contou.

No dia 9 deste mês houve uma operação que promoveu uma nova ampliação do polígono de risco e isolamento da área onde ocorreu a erosão, nos bairros São José e São João. No dia 22 deste mês, uma ação humanitária determinada pelo governador Helder Barbalho levou alimentos, água, kits de higiene, kits dormitórios e colchões às vítimas do deslizamento de terra.

A distribuição dos materiais ocorreu no ginásio municipal da cidade e beneficiou 630 pessoas. Ao todo, foram distribuídos 2.312 kits dormitórios, o que inclui colchas de cama, lençóis, travesseiros, também, 580 kits de higiene pessoal, com creme dental, escovas de dente, sabonetes, shampoo, condicionador, entre outros itens. Na lista constam, ainda, 289 colchões, 600 galões de água mineral e 600 cestas básicas com mais de 10 quilos cada.

Estudos vão indicar se o “polígono de risco” será ampliado nas áreas do deslizamento de terra

Depois que houve o cadastramento das famílias, foi liberado o benefício do programa “recomeçar” (um salário mínimo) a 211 famílias. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas do Pará (Sedop) fez a contratação de técnicos cientistas da Universidade Federal do Pará (UFPA), geólogos e geofísicos, para mapear a dimensão do comprometimento do solo.

O laudo que irá indicar as causas do deslizamento deve ser emitido nas próximas semanas. O estudo vai indicar se o chamado “Polígono de risco” será ampliado, em decisão conjunta entre as gestões estaduais e municipais.

No dia 26 de fevereiro foi registrado o deslizamento de terra nos bairros de São João e São José. No dia seguinte, o governador Helder visitou o local. Ainda no dia 27 de fevereiro, foi publicado, em edição extra do Diário Oficial do Estado, o decreto nº 2.915 que declara situação de emergência no município de Abaetetuba por 180 dias.

Torre de energia que ficou inclina será removida

E a torre de energia que ficou inclinada após deslizamentos de terra, em Abaetetuba, será removida. O processo erosivo inclinou o equipamento, o que, à época, deixou mais de 400 moradores das ilhas do município sem energia. Na quinta-feira (23), a energia elétrica de moradores das ilhas da cidade foi desligada para conduzir a operação de desligamento da rede e remoção da torre.

"Após a realização de estudos técnicos para melhor compreensão do impacto da erosão na estrutura e na base da torre, foi constatado que a mesma está instável e apresenta risco de queda. Como medida de segurança será necessário efetuar o desligamento e retirada da rede que atravessa o rio para que seja feita a desmontagem da torre inclinada ", diz nota da Equatorial.

Prefeitura segue monitorando área afetada pelo desastre ambiental

E, um mês após o acidente, a Prefeitura de Abaetetuba informou que dá prosseguimento ao trabalho de monitoramento da área afetada, gerindo os riscos e apresentando resposta ao desastre, além de prestar assistência às famílias afetadas pelo sinistro. Inicialmente foi providenciado um espaço para garantir abrigo provisório às famílias desalojadas no Ginásio Municipal, no entanto, não houve demanda.

Até o dia 7 de março o Ginásio Municipal também foi utilizado como ponto de apoio às famílias afetadas, dispondo de atendimentos de ambulatorial e psicológico; emissão de documentos; inscrição para benefícios assistenciais; e distribuição de roupas, alimentos e itens de higiene e limpeza.

Após esse período, as famílias foram encaminhadas para atendimento diretamente na Secretaria Municipal de Assistência Social, onde seguem contando com o apoio para a garantia de direitos.

As famílias afetadas foram encaminhadas para a concessão de benefícios assistenciais, municipais e estaduais. Na seara municipal, dispõem de benefícios eventuais, como a concessão de cestas básicas e kits de higiene, além do aluguel social, benefício no valor de R$ 500 mensais para o aluguel de imóvel, concedido a 180 famílias, a fim de viabilizar sua retirada da área de risco.

A área afetada pelo deslizamento segue monitorada constantemente pelo Corpo de Bombeiros Militar, responsável por gerir os riscos do solo e as Defesas Civis, municipal e estadual. O polígono de risco, área isolada para garantia da incolumidade pública, passou por dois aumentos desde a ocorrência do desastre, atingindo um total de 42 mil metros quadrados.

 

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