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De tapioqueira em Curitiba à chef pizzaiola: conheça a história da barcarenense Ana Dalila 

Chef está conquistando o paladar de muitos moradores da cidade com a pizzaria Sabor Paraense

Igor Wilson

Na vida da paraense Ana Dalila tudo acabou em pizza, no melhor sentido da possível. Atualmente a proprietária da pizzaria Sabor Paraense está conquistando o paladar de muitos barcarenenses com pizzas que valorizam os ingrendientes amazônicos, além dos convencionais. No entanto, até ganhar seu espaço como pizzaiola, Dalila percorreu um longo caminho. Tudo começou quando decidiu imigrar para Curitiba.

Assim como milhares de paraenses, Ana e seu marido Ocenildo Teixeira foram tentar a vida na capital paranaense no ano de 2016. Sem conseguir trabalho fixo, ela teve uma ideia: montar um carrinho para servir café da manhã e almoço em frente a uma empresa de seu bairro. A luta diária com sua família, inclusive levando uma das filhas para o trabalho, a fez questionar várias vezes os rumos que sua família havia tomado, mas a perserverança e a esperança sempre falaram mais alto.

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Foram três anos trabalhando no ponto, onde conseguiu conquistar muitos clientes, fez amigos e conseguiu mostrar seu potencial culinário. Mas faltava algo. Foi quando surgiu a oportunidade de fazer um curso de pizzaiolo no Senac. Ana havia sido mãe pela terceira vez. Aquela gestação foi uma motivação para procurar um ofício novo, mais segmentado. O curso veio na hora certa. Dalila se apaixonou pela profissão logo em seu primeiro contato com o universo das massas.

“Esse curso foi uma benção. Lembro que na época estava numa média de mais ou menos quatro mil reais. Não tinha condições, foi então que fiquei sabendo do curso oferecido de graça pelo Senac e me inscrevi. E fiz o curso com muita dedicação, e olha só, como são as coisas do destino, logo depois que finalizei fiquei sabendo, de repente, que o meu irmão queria abrir uma pizzaria em Belém”, conta.

RETORNO A BARCARENA

A conclusão do curso deu a segurança que faltava para Dalila. Foi uma época marcante, onde finalmente ela poderia dizer que era uma pizzaiola. Analisou as possibilidades de crescimento e sentiu o chamado de sua terra a convidando para retornar. Em 2020 Dalila e sua família voltaram para Barcarena. Nas mãos o diploma do curso e muitos sonhos.

“Quando voltamos foi muito difícil, pois tinha a questão de arrumar a vida com nossos três filhos. Meu marido abraçou o objetivo e passou e me incentivar fortemente. Nessa época começamos a trabalhar fazendo pizzas na cozinha de casa, recebendo encomendas online. Foi um início desafiador, mas em nenhum momento pensamos em desistir”, conta.

Foram quase três anos de uma rotina desgastante, mas de muito aprendizado, dentro da cozinha de sua casa, até que no começo do ano passado surgiu a oportunidade que Dalila tanto almejava: um ponto físico, o primeiro da Sabor Paraense. Ela lembra até hoje da apreensão da inauguração, recorda do incentivo que recebeu de seus clientes mais fieis, que lotaram o espaço. “Aquele dia me deu a certeza de que estava no caminho certo”, lembra.

PROFISSÃO DE HOMEM? ONDE?

Após a consolidação de seu empreendimento, Dalila percebeu que tinha conquistado o respeito em um espaço geralmente dominado por homens. Em Barcarena, ela é a única pizzaiola com formação. Sobre esse domínio masculino, Dalila confessa que nunca parou para pensar nisso como um desafio. A própria vida já lhe impunha desafios maiores. E ela passou por todos, um por um. Hoje, vestida com seu uniforme de Chef, faz questão de atender a cada cliente com o máximo de profissionalismo, algo que levou seu negócio a indicações a prêmio e mais do que isso, ao reconhecimento do público.

“Acho que hoje sou a única pizzaiola daqui, não sei, mas também não penso muito nisso. O que penso é em melhorar cada vez mais, desde a época do carrinho de lanches que montei. Aliás, foi aquela ideia simples que me levou até aqui e que com certeza me levará a mais locais. Agradeço a Deus e minha família, sem eles não teria conseguido, agora é trabalhar e trabalhar”, diz, lembrando a equipe de reportagem que a hora de abrir está chegando. Mais um dia cheio de pedidos para essa mulher forte de Barcarena.

Pará