Conheça a história da Santa Casa, referência em saúde do Pará desde os tempos coloniais
15 de agosto celebra o Dia das Santas Casas de Misericórdia, um formato de atendimento à saúde iniciado em Portugal
15 de agosto celebra o Dia das Santas Casas de Misericórdia, um formato de atendimento à saúde iniciado em Portugal
Com a finalidade de lembrar a importância histórica da criação das “casas de misericórdias” e destacar o trabalho de todos funcionários que empregam esforços na assistência e recuperação da saúde de pacientes em todo país, neste domingo (15) é comemorado o Dia Nacional das Santas Casas de Misericórdia no Brasil. A data foi instituída em 1988. Contudo, a história das Santas Casas de Misericórdia teve início séculos antes. Documentos históricos apontam que a primeira Santa Casa surgiu em Portugal, em 1498, na mesma data estabelecida para celebrar a instituição, dia 15 de agosto. No Pará, a Santa Casa foi fundada em 1650, sendo o primeiro hospital de Belém.
À época da inauguração da Santa Casa do Pará, o Brasil ainda era colônia de Portugal. “Era uma das marcas da presença da colonização portuguesa no Brasil, especialmente na Amazônia”, explica Márcio Couto, historiador e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). A primeira sede da Santa Casa de Misericórdia no Pará foi onde hoje funciona a loja Paris n’América, no centro comercial de Belém.
Em 1807, o hospital passou a funcionar onde era o hospital Bom Jesus dos Pobres, no largo da Sé, construído pelo bispo Frei Caetano Brandão com dinheiro de doações e popularmente conhecido como Hospital da Caridade. Mais tarde, como a Santa Casa não tinha prédio próprio, o patrimônio do Hospital da Caridade foi incorporado ao patrimônio da instituição. Já em 1900, a instituição foi transferida para onde funciona até hoje, no bairro do Umarizal.
“Tem uma coisa que é muito importante ressaltar: é que quando falamos de Santa Casa, hoje associa-se basicamente à questão da maternidade, mas no período colonial até o século XX, a Santa Casa administrava várias instituições ligadas ao campo da saúde na Amazônia, como o Leprosário do Tucunduba, o Cemitério da Soledade, Hospício dos Alienados, dentre outros”, comenta Couto.
Em um dado momento da história, devido ao perfil muito atrelado à maternidade, havia um costume de abandonar bebês "indesejados" na Santa Casa. Isso se repetia nas Santas Casas de outros estados e vários estudos recontam como se desenvolveram crianças abandonadas nas instituições. Algumas casas até tiveram "estruturas dedicadas" a acolher essas crianças.
Ao longo dos anos, as mudanças ocorreram também no nome da atual fundação. Primeiro, foi chamada de Santa Casa de Misericórdia. Depois, em 1990, recebeu o título de Associação Civil de Caridade Santa Casa de Misericórdia do Pará. Em seguida, após ser absorvido pelo Governo do Estado, o hospital passou a se chamar Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, nome em vigor até hoje.
O tempo demandou a necessidade de modernização da estrutura da fundação. Nos anos 2000, já era considerada referência no atendimento a gestantes e crianças recém-nascidas. Para isso, foi inaugurada em 2013 a Unidade Materno Infantil Dr. Almir Gabriel, uma das reformas mais recentes e significativas.
Atualmente, A Fundação Santa Casa do Pará possui cerca de 3 mil funcionários e colaboradores, mais de 480 leitos, sendo 100% dedicada a atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) para assistência a crianças e adultos.
“Dentre as especialidades que a gente vem atendendo pela própria formação, porque a Santa Casa é um hospital-escola, que forma profissionais de saúde de modo geral, temos várias outras especialidades além da obstetrícia, neonatologia, pediatria, clinica médica, temos um complexo ambulatória para atender a população com o perfil. Ao longo desse tempo, nós acrescentamos algumas especialidades que não existiam no Estado, como a terapia renal substitutiva pediátrica e o transplante renal pediátrico”, pontua a médica Norma Assunção, diretora técnica assistencial da Fundação Santa Casa do Pará.
A gestora também revela que até o final deste ano será inaugurado o transplante hepático adulto. “A gente vem evoluindo com relação a essa assistência, dando ao Estado outras opções para tratamentos de referência”, pontua Assunção.
Desde 1998, a fundação detém o título de Hospital Amigo da Criança, concedido pelo Ministério da Saúde e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência (Unicef) aos estabelecimentos de saúde que mantêm iniciativas de sensibilização ao aleitamento materno e o Banco de Leite Humano, que é referência para a região Norte.
Na data dedicada às Santas Casas, a Santa Casa do Pará celebra resultados favoráveis para a população paraense. “Para nós o mais importante é o paciente sair daqui com uma experiência positiva com a instituição, esse é o nosso foco de trabalho”, conclui Norma.