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Comparar isolamento social com prisão é interpretação exagerada, diz psicóloga

Psicóloga levanta questões à reflexão da sociedade

Cleide Magalhães

Nessa pandemia do novo coronavírus a principal medida de cuidado, o isolamento social, tem elevado potencial para gerar estresse e ansiedade. Mas a doutora em Psicologia, Hilma Khoury, considera que ter potencial significa que poderá ou não provocá-los. Na visão dela, isso depende, em grande parte, da avaliação que se faz da situação de isolamento e da capacidade para enfrentá-lo. 

"Muitas pessoas interpretam o isolamento social como prisão e pensam que não irão aguentar. Isso pode ser mais acentuado naquelas pessoas que moram sozinhas e nas que residem em espaços pequenos. Essa é uma avaliação perfeitamente compreensível nesse contexto. Afinal, não sabemos quanto tempo essa pandemia vai durar e nem temos expectativa de descoberta de uma vacina em curto prazo. Sentimos falta de andar por aí, de fazer as nossas coisas, de encontrar os familiares e amigos", afirma Khoury, que é terapeuta cognitivo-comportamental certificada e docente aposentada da Universidade Federal do Pará (UFPA). 

Porém, a doutora questiona: "será que avaliar o isolamento social como prisão não seria uma interpretação um tanto quanto exagerada? Ela coloca que é muito importante duvidar das avaliações que se faz sobre as coisas. Buscando evidências da veracidade delas. E provoca mais reflexão: "será que estar isolado em sua casa poderia de alguma forma ser comparado a estar em uma prisão? Pensemos um pouco nas prisões! Tenho certeza que vão pensar que em casa têm liberdade, muito diferente de uma prisão. Liberdade para decidir o que comer, por exemplo, e para fazer o que quiser". 

Ela sugere ainda que as pessoas pensem nas coisas necessárias e também nas coisas prazerosas que elas podem fazer dentro de casa, sozinho ou com a família. "Vamos pensar também que estar em isolamento não significa necessariamente solidão, pois podemos estar em contato com outras pessoas e conectados com o mundo, mesmo estando em casa. Tem o telefone, tem a internet, as chamadas com vídeo. Por que temos que achar que é tão trágico ficar em casa?", pergunta Khoury. 

E quando se pensa que não é possível aguentar essa situação, a psicóloga questiona mais uma vez. "Será que também não é uma avaliação exagerada? Vamos pensar nos momentos em que passamos por situações difíceis, desafiadoras, mas conseguimos superar. Vamos lembrar do que fizemos para lidar com essas situações. É provável que a gente descubra que temos, sim, como aguentar mais essa", reforça a psicóloga. 

Pará