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Combustível a partir de tucupi e energia solar é pesquisado no Pará

Engenheiro mecânico desenvolve projeto no Arquipélago do Marajó e na próxima semana iniciará fase de testes

Eduardo Rocha

Uma pesquisa inovadora do engenheiro mecânico Alípio Fernando, está em andamento no Arquipélago do Marajó: gerar combustível a partir de tucupi e energia solar. Alípio conta que atua no interior do Município de Breves, em área de floresta, e como não se tem no local a disponibilidade de energia elétrica, é utilizada a energia solar a partir de placas solares, para carregar baterias a fim de desenvolver as atividades do dia a dias. "A gente está em fase de desenvolvimento de um motor, no caso um motor elétrico, e teremos a disponibidade de incrementar esse motor dentro de uma rabeta de pequeno porte e utilizaremos as baterias como fonte de energia para esse motor. O projeto está praticamente montado", observa Alípio. Ele integra a Eco-Fazenda Escola Patú Anú.

O pesquisador conta que no local trabalha-se com a criação de aves caipiras, livres de gaiolas, ficando soltos, e nesse processo é utilizada uma bebida com probiótipos ativos, parecido com leite fermentado (lactobacilos) que ajuda a flora intestinal. E as aves se alimentam com ração, tortas de frutas da região. Então, diminui o consumo de soja e de milho.

"E quando nós vamos fazer a manutenção, de três em três meses, dentro do aviário, nós retiramos aquela maravalha, aquela madeira triturada, que serve como uma cama onde as aves passam durante o dia, e ela está misturada com o esterco do frango em si", relata o pesquisador. "Esse material é rico em nutrientes e pode nos sustentar a ter uma agrofloresta cada vez mais sustentável e mais ativa. Então, de tempos em tempos, a gente retira esse material do aviário, e ele é levado para um local onde tem uma composteira, onde fica em quarentena e finaliza o processo de fermentação dele; posteriormente nós adicionamos o tucupi, um resquício de produção de farinha"

Alípio Fernando explica que o tucupi quando jogado diretamente nos rios, sem a quarentena também, como é muito tóxico neste sentido, acaba contaminando e prejudicando a saúde dos rios, dos peixes, daqueles seres vivos que dependem daquele ambiente. Então, é feito um trabalho para que o ribeirinho não jogue fora esse produto, mas venda para o projeto, para ser aproveitado em mistura que, posteriormente, vai para um biodigestor onde há bactérias anaeróbicas, em que se faz a transformação desse produto em biogás.

Esse biogás é utilizado na cozinha do projeto. "E o biogás pode ser utilizado como fonte de combustível para esses motores quatro tempos. Então, a gente adaptou um carburador em um motor quatro tempos, e ele serve para fazer o nosso transporte de uma rabeta também adaptada com esse motor. E o mais interessante de todo esse processo do biogestor em si é que ele produz um biofertilizante, um produto muito rico em nutrientes, para irrigar a floresta", assinala Alípio.

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